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A competitividade do Brasil no cenário mundial

Veículo: Correio Braziliense
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José Matias-Pereira* 
 

Observa-se que a questão da competitividade aparece como tema relevante na análise econômica do desempenho de empresas, indústrias e países, em função do processo acelerado de globalização enfrentado pela economia mundial nos últimos anos. O conceito de competitividade está vinculado à eficiência produtiva. No esforço para atuar de forma competitiva para ampliar ou conservar sua posição no mercado, tanto as empresas quanto os países passaram a ter necessidade de reestruturação produtiva e organizacional, por meio da redefinição de políticas e estratégias, de desenvolvimento de novos mercados, entre outras medidas que, no seu conjunto, exigem grande esforço de adaptação.

O relatório de competitividade global divulgado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em parceria com a Fundação Dom Cabral no Brasil, apresenta diversas e interessantes modificações no ranking dos países mais competitivos do mundo em 2009. Registre-se que o estudo analisa as condições que os países oferecem para que as empresas nele instaladas consigam competir internacionalmente. A referência são 12 pilares, com destaque para segurança institucional, infraestrutura, estabilidade macroeconômica, saúde, educação, mercado de trabalho e sistema financeiro.

O melhor desempenho da economia brasileira — como redução na dívida pública, queda nas taxas de juros e aumento das exportações — tornou o país mais resistente à crise mundial. Esse novo cenário permitiu que o Brasil subisse oito posições no ranking dos países mais competitivos do mundo, passando a ocupar a 56ª posição entre os 133 países analisados. Os países que ocupam as 10 primeiras posições são: Suíça, Estados Unidos, Cingapura, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Japão, Canadá e Holanda.

Esse salto no ranking mundial de competitividade permitiu que o Brasil assumisse uma posição de destaque na América do Sul, ficando atrás apenas do Chile. Em relação aos países do Bric, a Índia e a China, que ocupam, respectivamente, a 49ª e a 29ª posições, continuam à frente do Brasil. A Rússia, que sofreu significativa queda nas exportações, perdeu 12 posições, caindo para a 63ª posição.

É oportuno ressaltar nessa avaliação que uma política de competitividade global adequada para um país com o perfil do Brasil deve priorizar, entre outras medidas: facilitar a inserção das empresas brasileiras num ambiente de concorrência caracterizado pela globalização e pela interdependência; explorar as vantagens competitivas relacionadas com a desmaterialização da economia; promover um desenvolvimento industrial sustentável; e reduzir a defasagem entre os ritmos da evolução da oferta e da procura.

Com base nos dados analisados, pode-se concluir que o Brasil está melhorando sua competitividade, mas ainda precisa consolidar as instituições e modernizar a sua infraestrutura. Está evidenciado que em sistemas econômicos cada vez mais abertos, apoiados em macroalianças nacionais e na integração das cadeias globais de suprimentos, os países mais bem preparados para a competição globalizada é que terão condições de ocupar as melhores posições no ranking de competitividade global. Assim, para o país continuar avançando no campo da competitividade, o próximo presidente da República terá que priorizar no seu governo a realização das reformas estruturais de que o país necessita, em particular a política, a tributária, a judiciária e a previdenciária.

*Doutor em ciência política pela Universidade Complutense de Madri, Espanha, e pós-doutor em administração pela Universidade de São Paulo (USP)



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