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Brasil avança 8 posições no ranking da competitividade

Veículo: O Estado de S. Paulo
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Jamil Chade


Apesar da melhora, País ainda é o que tem o pior sistema tributário entre 133 países avaliados. A reação do Brasil à crise financeira global e a estabilidade macroeconômica demonstrada durante o período de turbulência fizeram o País subir oito posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial deste ano. A capacidade de inovação do setor privado também pesou de forma positiva no avanço que o País vem apresentando nos últimos anos.

A melhora na competitividade brasileira é fruto do seu setor empresarial inovador e sofisticado, do tamanho de seu mercado e da melhora na área de estabilidade macroeconômica, comparada com o ano anterior, disse o Fórum em uma nota oficial.

Mas o Brasil ainda tem o pior sistema tributário entre os 133 países avaliados e é o penúltimo colocado no critério de regulação do governo.

O ranking também aponta que a população não confia em seus políticos e que o Brasil é considerado um dos locais onde a corrupção e o desperdício de dinheiro público têm peso significativo para a competitividade do País.

De acordo com a pesquisa, o Brasil ainda tem uma das piores aduanas do mundo e sistema educacional que não oferece qualidade.

Mesmo assim, pelo ranking geral, o Brasil passou da 64º lugar para a 56ª posição. Em 2007, o Brasil ocupava o 72º lugar. Pela primeira vez, o País é considerado mais competitivo que o México.

BRICS

O Brasil também deixa a lanterna dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China). Neste ano, o País aparece à frente da Rússia, que despencou. Mas permanece atrás de China e Índia.

O País também está distante de alguns vizinhos, como o Chile, 28º Economia mais competitiva do mundo. Porto Rico, Barbados e Costa Rica também estão acima do Brasil na região da América Latina. Indonésia, Azerbaijão, Tailândia, África do Sul, são outros exemplos de países melhor classificados.

Margareta Hanouz, uma das autoras do estudo, admite que a reação do Brasil à crise foi um dos elementos que mais pesaram. Segundo ela, vários outros países caíram nesse critério, o que permitiu que o País subisse na tabela.

Segundo ela, a mudança do Brasil na classificação não se explica apenas por uma melhoria interna do País. Mas também diante do fato de que outros não resistiram à crise ou tiveram desempenhos mais fracos diante do caos no sistema financeiro.

No critério que avalia o mercado financeiro, o Brasil passou da 64ª colocação para 51ª posição. Nenhum banco quebrou no País nos últimos 12 meses e vários deles apresentaram capitalização sólida.

Quanto à estabilidade macroeconômica, o salto foi importante, passando da 122ª posição para 109ª . Em um difícil ambiente econômico global, é cada vez mais importante cada país possuir bons fundamentos para embasar seu crescimento e desenvolvimento econômico, afirma Klaus Schwab, presidente do Fórum.

O País apresentou resultado positivo no que se refere ao combate à inflação e dívida pública. Mas registrou ainda a quinta pior taxa de spread e juros.

Um ambiente econômico que favorece a competitividade é capaz de ajudar economias nacionais a enfrentar ciclos empresariais de retração e garantir a presença de mecanismos que apoiam um bom desempenho econômico futuro, disse Xavier Sala-i-Martin, professor de Economia da Universidade Columbia.

O Brasil ainda subiu posições no que se refere à infraestrutura, avanço tecnológico e concorrência no mercado doméstico. O Brasil também é o 9º maior mercado doméstico do mundo e o setor privado foi amplamente elogiado por sua competência. O setor privado, em termos de sofisticação, está entre os 38 mais competitivos do mundo.

OS PROBLEMAS

Mas os pontos negativos ainda são vários. Entre os 133 países avaliados, o Brasil ficou na última colocação no quesito impacto dos impostos. O País tem a 2ª pior regulação estatal e o 6º pior desempenho em número de dias para abrir um negócio.

O governo parece de fato ser o freio à competitividade, com a burocracia ainda afetando o País. No critério de instituições públicas, o Brasil caiu da 90ª posição para 93ª colocação. A aduana está entre as 12 piores do mundo.

Só quatro países desperdiçam mais dinheiro público que o Brasil. No item corrupção, o País está entre os 13 piores. No critério de confiança sobre políticos, o Brasil ocupa apenas a 127ª posição.

A qualidade do ensino também vem freando a competitividade. O Brasil ainda tem o 10º pior resultado em termos de desempenho em matemática. O sistema de educação passou da 117ª colocação para a 103ª, mas ainda está distante dos líderes.

No quesito infraestrutura, os portos nacionais ainda estão entre os seis piores em competitividade. E no critério custo da violência, o País fica entre os 15 economias mais caras do mundo.


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