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Indústia têxtil atribui parte das perdas ao real valorizado

Veículo: O Globo
Seção: Economia
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Quando o Exército brasileiro desfilou neste Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios, algo como 70% das tropas usava farda com um estampado "Made in China" na etiqueta.

 

Quem afirma é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho. Para as Forças Armadas, como para o mercado em geral, é mais barato comprar roupas produzidas na China por diversos motivos, entre eles o real valorizado.

Os setores de mão-de-obra intensivos costumam sofrer mais com a variação do câmbio. O têxtil é um deles. Empresas estão se queixando ao governo da perda de competitividade nas exportações e da invasão de produtos chineses em território nacional.

Segundo dados da Abit, o setor fechou 40 mil vagas de outubro do ano passado a julho deste ano. Em igual período anterior, foram criadas 29 mil vagas (veja o gráfico ao lado).

Uma parte importante disso é a queda da demanda. Outra é o real valorizado tirando a competitividade das exportações e permitindo a entrada de produtos baratos produzidos na China.

Aguinaldo Diniz lembra que o saldo comercial do setor foi superavitário até 2006, quando houve forte desvalorização do dólar, puxada pelo aumento dos preços da commodities. É uma balança: um sobe, o outro desce. O setor nunca mais se recuperou. No ano passado, houve déficit de US$ 2 bilhões.

— Nós não desaprendemos a produzir, a vender. Nossa qualidade não piorou e nem nossa gestão. O que houve foi uma forte valorização do real — garante.

No período, as exportações que vinha crescendo a 10% ao ano se tornaram estáveis ou tiveram queda. O setor sofreu mais no mercado doméstico, invadido por produtos chineses que desembarcam custando até US$ 0,67 o quilo.

Empresas acreditam que competir em preço com os produtos chineses é praticamente impossível. É algo como empurrar parede. Um operário na China ganha US$ 0,23 por hora. No Brasil, US$ 1,19 (salário mínimo). O setor emprega 1,65 milhão por aqui.

— E, no nosso caso, a queda de preço de insumos importados não compensa. Quase 80% dos nossos custos são comprados no Brasil e pagos em real, como algodão, mão-de-obra e energia — acrescenta.



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