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Demanda menor da China pode derrubar commodities

Veículo: Valor Econômico
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Assis Moreira


A China pode começar a desacelerar a importação de matérias-primas no segundo semestre, com diminuição do impacto dos programas de estímulo econômico e do processo de estocagem, segundo analistas na Europa.

As importações de produtos como minério de ferro, petróleo, alumínio, carvão e cobre aumentaram no primeiro semestre, ajudando na manutenção de um certo nível de preços, que havia degringolado com a crise global.

Nas últimas semanas, analistas já previam uma baixa nas importações chinesas, mas houve novo recorde na compra de minério de ferro e de petróleo em julho. Por outro lado, as importações de alumínio e cobre declinaram 37% e 15%, respectivamente, em relação ao mês anterior.

Agora, o banco francês Natixis estima que as fortes importações chinesas de julho não são sustentáveis, considerando as projeções para a economia mundial, e alerta que a situação começará a mudar no segundo semestre.

O Royal Bank of Scotland também publicou ontem estudo no qual sugere prudência sobre o que esperar da demanda doméstica chinesa nos próximos meses.

A expectativa é de que a demanda chinesa por metais de base voltará a níveis normais nos próximos meses, deixando o resto do mundo comprar mais. Para outros analistas, a combinação de menor demanda chinesa e aumento da oferta pode levar a uma reaceleração de estoques globais, com impacto de baixa nos preços.

Os chineses são muito importantes para que suas decisões não tenham reação, diz Michael Finger, até recentemente o economista-chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC). Muitas empresas se aproveitaram do crédito fácil para aumentar estoque. Agora, o crédito está menos fácil e também se pode esperar uma diminuição normal das importações.

Uma razão para crer na queda de importação tem sido os níveis recordes de produção doméstica de metais de base. A produção de zinco poderá atingir seu maior volume de todos os tempos no terceiro trimestre, com 300 mil toneladas de nova capacidade e potencial retomada de fábricas que estavam paralisadas.

Ao mesmo tempo, porém, a BHP Billiton, um dos maiores produtores de minérios do mundo, estimou na semana passada que até 50% da produção chinesa de minério de ferro foi paralisada no primeiro semestre, por ser economicamente inviável no momento.

Pequim aumentou também a importação de sucata desde julho. A ausência de compra de sucata no primeiro semestre foi considerada um dos principais motivos do aumento da demanda por produtos refinados.

Para o banco francês, a importação de sucata vai reduzir substancialmente a demanda chinesa por metais refinados, mesmo sem a desaceleração já antecipada na importação de commodities.

Analistas buscam sinais também de mudanças na demanda chinesa por minério de ferro e aço. Em julho, as importações de minério de ferro bateram novo recorde de 56,5 milhões de toneladas com o preço spot acima de US$ 100 por tonelada. Ao mesmo tempo, porém, o Baltic Dry Indices, que mede o custo do transporte marítimo de commodities, voltou a ter queda.

Com a demanda chinesa diminuindo e os estoques globais voltando a crescer, a busca por metais de base pode aumentar no mundo industrializado. Mas analistas notam que, com a exceção da demanda por alumínio na América do Norte, essa melhora ainda está para ser confirmada.



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