Desdobrar uma grife em duas - ou mais - subgrifes é uma estratégia que, embora não seja nova, não dá sinais de esmorecer no varejo brasileiro de moda. No vale-tudo para aumentar a base de consumidores, mais grifes têm partido para o investimento em linhas alternativas - algumas mais baratas, outras com mudanças no estilo e até na faixa etária do público alvo. O lema do momento é segmentar e ficar menos suscetível às mudanças de humor do consumidor, sempre sensível às oscilações, seja da economia ou da temperatura.

Bons exemplos não faltam: filhote da marca masculina Aramis, a HRC, do empresário Henri Rene Christian, nasce para atingir um público mais casual. A distribuição da grife será via multimarcas e, entre os produtos, destacam-se camisetas pólo, camisas esportivas com padronagens diferenciadas, calças e bermudas de jeans e sarja. A HRC destina-se aos momentos de lazer do consumidor que, no dia a dia, veste Aramis.

A grife de sapatos femininos Paula Ferber também terá uma subdivisão, que chegará à loja da grife, no bairro do Itaim, em São Paulo, junto com a nova coleção de verão. Batizada de Beja, a nova marca vai investir nos calçados requintados, porém confortáveis. O público-alvo são mulheres que trabalham e precisam caminhar para ir ao escritório ou almoçar usando sapatos sociais, normalmente desconfortáveis. Para garantir o bem-estar e a segurança, os sapatos da Beja têm solas de borracha e são mais maleáveis do que os modelos tradicionais. Além da venda na loja Paula Ferber, os produtos serão distribuídos para multimarcas de todo o Brasil e chegarão ao consumidor por preços que variam de R$ 400 a R$ 590 - valor cerca de 30% mais baixo do que os da marca original.

Já as femininas Le Lis Blanc e Bo.Bô, ambas pertencentes a holding Restoque (criada após a compra da marca Le Lis Blanc pelo fundo Artesia), estão lançando linhas infantis. Le Lis Petit e Bo.Bô Mignon foram pensadas para conquistar as filhas das consumidoras das grifes-mães. "As meninas são nossas consumidoras do futuro", afirma Soraya Milan, diretora de novos negócios do grupo Restoque e da marca Bo.Bô.

Num primeiro momento, o vestuário infantil vai dividir o mesmo ponto de venda das roupas para as adultas. "Ainda é prematuro pensar na abertura de lojas exclusivamente infantis". Isso porque, segundo Soraya, a estratégia é justamente aproveitar a consumidora que já está na loja, comprando roupa para si, e encantá-la com uma linha de roupas infantis cheias de estilo. À frente da criação das linhas infantis da Le Lis Petit e Bo.Bô Mignon está a estilista Sílvia Pereira, que trabalhou por 15 anos na Daslu, cuidando da linha infantil da grife. Soraya também vem da Daslu, onde atuou por dez anos como diretora de estilo e exportação.

A coleção infantil da Le Lis Blanc será lançada em agosto, na loja do shopping Iguatemi, em São Paulo. "Num primeiro momento, vamos disponibilizar as peças em 18 das 40 lojas próprias que a Le Lis Blanc possui", diz Soraya. A intenção é ampliar a distribuição para o restante das butiques a partir da coleção de inverno.

Adquirida pela holding Restoque em outubro de 2008, a Bo.Bô vai abrir sua quarta loja própria no fim de agosto, no shopping Iguatemi. Atualmente, possui uma butique em São Paulo e duas no Rio. No ano que vem, o grupo Restoque deve abrir mais oito unidades com a bandeira em outros estados. "A linha infantil vai estrear junto com a inauguração da loja do Iguatemi", diz Soraya.

Diferentemente do que têm feito grifes como Maria Bonita Extra e Fit - donas das marcas infantis Maria Bonitinha e Fit Nina - a Bo.Bô não vai replicar as estampas das roupas adultas na coleção para as crianças. "Não queremos vestir mãe e filha com modelos iguais". De acordo com a executiva, as meninas terão estampas e modelagem exclusivas, apesar do estilo das roupas seguir o espírito da marca. "O estilo da Bo.Bô é fazer roupas despretensiosas, confortáveis e com modelagem ampla", diz a executiva. Para o próximo verão, a marca prepara uma coleção com vestidos soltos, calças modelo "sarouel" e muito tecido natural.