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Varejo se recupera após 2 meses de queda

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Dinheiro
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Com IPI menor e volta da confiança dos consumidores, setor varejista registra expansão em quase todos os segmentos

Para analistas, crescimento do comércio, baseado até agora nas vendas de itens como alimentos, deve ganhar mais impulso com bens duráveis

Marcelo Justo/Folha Imagem
 
Loja de materiais de construção em São Paulo; dados do IBGE mostram crescimento do varejo em maio deste ano

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Após dois meses de queda, as vendas do varejo apresentaram crescimento de 0,8% em maio em relação a abril, impulsionadas pelo bom desempenho de sete dos oito segmentos pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Considerando ainda os setores de veículos e construção civil, que vendem também para o atacado, a expansão foi de 3,7% -resultado influenciado pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) concedida para produtos desses setores.
Em relação a maio de 2008, a expansão do varejo foi de 4%, menor do que os 7,1% verificados em abril, mas ainda considerada positiva pelo IBGE. Segundo Reinaldo Silva Pereira, da coordenação de serviço e comércio do instituto, o desempenho tem sido sustentado sobretudo pelas vendas de super e hipermercados, que cresceram 6,7%, puxadas principalmente pelos alimentos.
Pereira atribui esse cenário ao fato de que, apesar do aumento da taxa de desemprego, a massa salarial está acima da verificada no ano passado. Ele destaca ainda a desaceleração da inflação dos alimentos como outro fator que tem contribuído para as vendas do setor.
Outro dado que sinaliza o bom desempenho do comércio é que as vendas cresceram em praticamente todo o país: 23 dos 27 Estados.
Já no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, o aumento sobre maio de 2008 foi menor, de 3,3%. O desempenho mais fraco está relacionado à queda nas vendas de material de construção no período, de 8,2%, apesar do aumento de 5,7% entre abril e maio de 2009.
Segundo Cláudio Conz, presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), o setor sofreu com a incerteza e a redução da oferta de crédito trazidas pela crise, mas começa a reagir, em parte, devido à redução do IPI para produtos como cimentos, tintas e cerâmicas. A menor incidência do imposto já vinha contribuindo para o desempenho do setor de automóveis, o primeiro a ter o benefício concedido pelo governo e que em maio teve crescimento de 8% sobre abril e de 4% sobre maio de 2008.
No caso do material de construção, a redução do IPI entrou em vigor em 17 de abril. Desde então, segundo a Anamaco, a queda média de preços foi de 8,5% -e deve aumentar nos próximos meses, diz Conz.
Ele afirma ainda que dados compilados pela associação já mostram alta mais forte das vendas em junho, resultado não só da redução do imposto mas também de fatores como a melhora na oferta de crédito e a recuperação da confiança do consumidor, importantes para a decisão de investimentos em obras e construções.
Esses dois últimos fatores também são citados por Alberto Serrentino, diretor da consultoria Gouvêa de Souza, como motivos que devem contribuir para a melhora do desempenho do varejo.
Segundo ele, o crescimento até agora, calcado principalmente na expansão das vendas de bens não duráveis, como alimentos, deve passar a ganhar o impulso também dos bens duráveis. "Essa reversão já é notada nas vendas das grandes lojas de departamento que comercializam eletrodomésticos, que tiveram crescimento de 11% [sobre junho de 2008]", diz.



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