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Argentina aperta o cerco a produtos têxteis do Brasil

Veículo: Jornal da Globo
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Página: www.globo.com/jornaldaglobo


Desde que o governo argentino restringiu as importações de produtos têxteis, em novembro, os pedidos aos exportadores brasileiros caíram. Lula discutirá a questão nesta sexta com Cristina Kirchner.

 
O presidente Lula encontra-se em São Paulo nesta sexta feira com a colega argentina Cristina Kirchner, acompanhado de fortes reclamações dos empresários do setor têxtil. Eles se queixam de bloqueios desleais por parte da Argentina à exportação de têxteis brasileiros.

Os rolos de tecido nem deixaram a fábrica no Brasil e já estão fora de estação. Dez toneladas de malha de verão seriam exportadas no fim do ano passado para a Argentina, só que o fabricante ainda não pode enviar o produto porque o comprador não tem a licença-prévia para a importação. “Às vezes, tem uma estampa ou um tipo de tecido que está indo bem para o verão, ou uma cor, e no inverno essa cor já não serve”, destaca o diretor de vendas Renato Bitter.

Desde que o governo argentino apertou o cerco às importações de têxteis, em novembro, os pedidos pararam de chegar. “Está tudo parado, os clientes não fazem pedido porque eles não sabem quando vai chegar e se vai chegar”, afirma Bitter. Os exportadores dizem que o grande problema é a demora para a concessão da licença-prévia. Legalmente, o prazo máximo é de 60 dias, mas algumas encomendas foram feitas há três meses e, até agora, nada.

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções (Abit) não questiona o direito da Argentina de exigir a licença, mas o desrespeito ao prazo. “Na prática, o que houve é um congelamento do comércio de forma absolutamente abrupta, unilateral, transgredindo as normas estabelecidas pela OMC”, avalia o diretor superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel. “Se os 60 dias fossem cumpridos, você se adaptaria. Poderia complicar a sua vida, mas sempre teria uma solução. Eles levam 60, 90, 120, 150, 180. Então é uma situação totalmente esdrúxula”, critica o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Vestuário, Ulrich Kuhn.

O próprio presidente da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira, Alberto Alzueta, espera que as regras sejam revistas. “Obviamente, são protecionistas. Na história de todos estes anos de negociação, houve situações em que estávamos indo para um conflito sem volta, mas sempre apareceu o diálogo para buscar um caminho mais inteligente”, lembra.

Na próxima quarta-feira, empresários brasileiros vão à Argentina negociar a liberação mais rápida das licenças de importação para têxteis e outros produtos. O governo vai junto. “Estimo que, em torno de cinco e dez dias para emissão de licença de importação em geral, seria um prazo adequado e atenderia aos setores exportadores brasileiros”, acredita o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.

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