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Eles reinventaram a etiqueta

Veículo: Isto é Dinheiro
Seção: Negócios
Página: www.istoedinheiro.com.br


Como dois empresários transformaram esse item burocrático e incômodo das roupas em um acessório de moda

MÁRCIA VAISMAN

KERINE XAVIER/AG. ISTOÉ
BUERGUER E POLLI, SÓCIOS, E A EQUIPE DO ESTÚDIO TECNOBLU: OS TAGS VIRAM BRINDES PARA OS CLIENTES
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LEVANTE A MÃO QUEM nunca se incomodou com uma etiqueta de roupa roçando na nuca. Afinal, é apenas um item informativo que, depois de lido - se lido - pode ser descartado. Certo? Durante décadas, a resposta foi sim. Mas, há quase 15 anos, o catarinense Cristiano Buerguer, 36 anos, começou a mudar essa resposta. Em 2000, ele passou a produzir etiquetas diferenciadas - costuradas do lado de fora da roupa - e os tags, etiquetonas (feitas de couro, plástico, metal e outros tipos de material) penduradas pelos fabricantes em roupas descoladas. Da fábrica de sua empresa, a Tecnoblu, saem 5,8 milhões de etiquetas por mês para 600 clientes que trabalham com jeanswear - 35% desse total são tags. Com 32% de participação do mercado premium, Buerguer atende clientes como Colcci, Iódice, Sommer, TNG, Cantão e Alexandre Herchcovitch. Essas e outras grifes garantem um faturamento de R$ 22 milhões. Sua aposta agora é conquistar o público C. Marisa, Malwee e Riachuelo já aderiram à onda e a Tecnoblu será a fornecedora desses acessórios. "Usamos materiais mais baratos", explica Buerguer. Esse tipo de experiência não é raro na empresa. "É comum misturar lã com renda, couro ou outro tecido inovador e esse mix acaba dando certo", explica Edmur Polli, sócio de Buerguer desde 2004.

R$ 100 MILHÕES É QUANTO OS SÓCIOS QUEREM FATURAR EM QUATRO ANOS AO ADQUIRIR EMPRESAS DE PRODUTOS CORRELATOS

Num primeiro momento, o tag serviu para passar informações sobre as roupas de forma mais atraente para os jovens. Com o tempo, eles transformaram- no em acessórios e brindes para os clientes. "É possível tirar o tag da roupa e usá-lo como gravata, por exemplo. Ele pode ainda ser transformado em porta-óculos, porta-copos, porta-alfinete, marca-livro", afirma Buerguer. Esse tipo de idéia sai do ET (Estúdio Tecnoblu), composto por designers, estilistas e grafiteiros, que desenvolvem novos conceitos, estudando o comportamento das pessoas, das empresas e as tendências ao redor do mundo. Por ano, eles lançam 500 novos produtos. A idéia de transformar o tag em algo utilitário surgiu quando a marca Kenzo encomendou 35 mil bolsas em formato de tags. Buerguer aposta que, em alguns anos, esse deve ser seu maior negócio. Um dos modelos mais requisitados é o tag air bag.

Com leve pressão, o consumidor abre o rótulo e retira uma sacola de compras. "As grifes têm de justificar seu preço com novos conceitos", afirma Polli. Buerguer, o fundador da Tecnoblu, vislumbrou essa tendência, em 1999, quando visitou a Modamont, feira de moda em Paris. "Dos 40 estandes de etiquetas, um fazia o produto diferenciado e ali percebi que seria uma alternativa para nós." Até então, a empresa só fabricava etiquetas tradicionais e era concorrente da Haco, líder mundial em etiquetas tecidas, também em Blumenau. A falta de experiência administrativa, aliada ao investimento em maquinário, provocou endividamento na Tecnoblu por quatro anos. Quando saiu do sufoco, Buerguer viu as etiquetas diferenciadas como o pote de ouro. E o diferencial deu tão certo que os empresários sonham mais alto. Em quatro anos, esperam alcançar um faturamento de R$ 100 milhões, adquirindo empresas que fabricam produtos correlatos, como botões. "E quem sabe fazer um IPO?", sugerem.



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