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As quatro prioridades de Dilma

Veículo: Diário Catarinense
Seção: Reportagem Especial
Página: www.diario.com.br

 

Os desafios para SC

Ao longo do encontro, quatro compromissos foram assumidos pela ministra: a duplicação da BR-280, entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul, e da BR-470, entre Navegantes e Timbó, até 2010; a não-criação de áreas de preservação ambiental em Santa Catarina sem ouvir o governo e a sociedade; especial atenção aos segmentos afetados pelo câmbio, como o têxtil e o moveleiro, na política industrial que será anunciada este mês; e dar prioridade a investimentos no setor elétrico. Confira os principais pontos:

POLÍTICA INDUSTRIAL

Dois setores tradicionais da indústria catarinense saíram do Painel RBS com um alento: o têxtil e o moveleiro. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, antecipou que o programa industrial, tecnológico e de comércio exterior, que será lançado até final do mês, beneficiará setores afligidos pelo dólar baixo.

Em 2007, as exportações catarinenses cresceram 23,4% em relação ao ano anterior. A alta catarinense ficou acima do crescimento nacional (16%). Mas, apesar dos números positivos, os empresários catarinenses demonstram preocupação.

- O Brasil vive um momento bom. Mas o governo não pode perder o ponto. Comemoramos a conquista de grau de investimento na última semana, mas estou muito preocupado. A empresa nacional média está perdendo competitividade - afirmou Décio da Silva, presidente do conselho deliberativo da Weg, maior fábrica de motores elétricos da América Latina.

O chamado grau de investimento. concedido no dia 30, é uma espécie de selo de qualidade, indicando aos investidores que o país é um destino seguro para o dinheiro, pois tem condições de honrar seus débitos. Para Silva, a boa notícia traz também o risco de atrair mais dólares para o mercado brasileiro.

A presidente da Dudalina, Sônia Hess, reforçou o discurso de Silva cobrando maior controle das importações, diante da concorrência com os produtos chineses.

Dilma respondeu que o governo federal planeja novos incentivos à exportação, que incluem redução fiscal e incentivos financeiros.

- Além disso, acreditamos que é necessária uma série de salvaguardas no que se refere a entrada de capital especulativo no Brasil.

O capital especulativo citado pela ministra são os dólares que vão chegar ao país graças ao grau de investimento.

INFRA-ESTRUTURA

Questionada sobre o cronograma de execução dos projetos da BR-280 e 470, que ainda estão no papel, Dilma recorreu a fichas para passar dados precisos sobre os novos prazos. De acordo com a ministra, serão investidos R$ 120 milhões para a duplicação da BR-280 entre São Francisco do Sul e Jaraguá do Sul até 2010. Por enquanto, está concluído o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica. O Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) ainda está em fase de elaboração.

- Pretendemos lançar o edital de licitação para a execução da obra até outubro de 2008 - disse ela.

Já a duplicação da BR-470 deve ficar pronta até 2010. A obra compreende o trecho que vai de Navegantes a Blumenau, e inclui o entroncamento de acesso a Timbó. De acordo com a ministra, o edital para a execução do projeto deve ser publicado até o final do segundo semestre do ano que vem.

O PAC se torna palpável nas BRs 282 e 101. Na primeira, o trecho que vai de Lages a São José do Cerrito, a ponte do Rio Passo Fundo e o trevo de acesso à São José do Cerrito será concluído até 30 de junho deste ano, informou Dilma. De São José do Cerrito a Campos Novos, entrada da BR-470, a expectativa da ministra é que as obras estejam concluídas até 30 de setembro deste ano.

Além de fazer um balanço da situação das estradas, a ministra Dilma Rousseff fez questão de destacar a importância de interligar os portos por meio de ferrovias.

- Estamos analisando, por sugestão do governo estadual, duas ferrovias: a que liga o Vale do Itajaí ao Oeste e a que interliga os portos.

Ainda sobre portos, a ministra Dilma adiantou que, por meio do Programa Nacional de Dragagem, será lançado em julho o edital de licitação para os portos de Itajaí e São Francisco do Sul.

MEIO AMBIENTE

As unidades permanentes de conservação ambiental, criadas pelo governo federal por meio de decreto da presidência, não serão instituídas em Santa Catarina à revelia do governo estadual, assegurou a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. No Norte do Estado, há propostas de criação de reservas biológicas no entorno da Baía da Babitonga, no Litoral Norte, e no Acaraí, em São Francisco do Sul. Polêmicas - por representarem restrição de atividades econômicas nas regiões - , as reservas ambientais encontram resistência por parte da iniciativa privada. A ministra disse ao colunista Moacir Pereira que a situação de SC será levada pessoalmente por ela ao presidente Lula. Por conta da diversidade ecológica de algumas regiões do Estado - 75% dos manguezais catarinenses estão na Baía da Babitonga, por exemplo - , ela diz que "Santa Catarina tem um problema delicado". Por lei federal, essas áreas têm de ser protegidas. Mas o debate será claro e aberto, acredita. "O governo estadual sempre é ouvido", garantiu, citando as audiências públicas promovidas pelos órgãos ambientais e a consulta oficial do Estado, que vem antes da canetada presidencial.

Nos bastidores, o governador Luiz Henrique da Silveira fez críticas à criação da reserva da Babitonga pelo projeto original do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). O Instituto propõe a delimitação, na Babitonga, da primeira unidade de conservação permanente de fauna do Brasil. Apenas atividades econômicas de baixo impacto ecológico seriam permitidas na área. Indústrias com potencial poluidor seriam descartadas. O governador considera que a reserva pode afetar o desenvolvimento portuário da região, que já tem projetos em vista. Um deles é o terminal portuário privado da companhia de navegação Norsul.

ENERGIA

Na área energética, Dilma apontou o trabalho na Grande Florianópolis como um importante avanço para o Estado.

- A ilha de Santa Catarina estava sujeita a apagão. A ampliação da subestação da Eletrosul em Palhoça vai impedir isso - avaliou, referindo-se ao projeto que abrange também linha de transmissão entre ilha e continente e duas novas subestações.

Questionada sobre o abastecimento de Joinville, onde o consumo de energia cresceu 15% no ano passado, a ministra defendeu que o caso não é tão emergencial como o da Grande Florianópolis. Para ela, não haverá entrave à construção da subestação da Eletrosul no Norte de Joinville. No entanto, o questionamento feito pelo Ministério Público a respeito da área pode comprometer o cronograma.

- Esse problema sai da minha alçada, mas eu asseguro que todos os nossos melhores esforços serão conduzidos no sentido de esclarecer e agilizar a questão - declarou.

Dilma disse também que o Ministério de Minas e Energia já autorizou a Eletrosul - concessionária da subestação - a executar a obra, de R$ 37 milhões em caráter emergencial.

Frases da ministra
"Não é viável ficar comparando investimentos entre estados. Temos de comparar se as demandas estão sendo atendidas. Não podemos comparar, por exemplo, os investimentos necessários em São Paulo com os em Santa Catarina".
"Sempre perguntam se estamos privilegiando o Nordeste e o Norte em detrimento do Sul, ou o Sudeste em detrimento do resto do país. Essa não é uma questão justa".
"Em alguns casos, faltam projetos. O Estado tem de saber e informar ao governo federal o que precisa para que o projeto seja incluído no PAC. Sem projeto não dá de fazer".
"Acredito que a participação da iniciativa privada, no que se refere às obras de infra-estrutura, integra o cerne, o coração do PAC".
"A demanda do Estado é por transporte. Estamos investindo na BR-101, que foi duplicada. Melhor, está sendo duplicada".
Compromissos assumidos pela ministra Dilma Rousseff ontem
1° Medidas para ajudar as indústrias moveleira e têxtil de SC
2° Pavimentação de trecho da BR-280; duplicação de trechos da BR-280 e BR-470 até o final de 2010
3° Ouvir a sociedade e o Estado ao criar áreas de preservação ambiental
4° Priorização de ações no setor elétrico, como, por exemplo, a subestação de energia de Joinville


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