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Tendência 3: cresce o número de pessoas morando sozinhas

Veículo: Revista Exame
Seção:
Página: www.exame.com.br

Tendência 3: cresce o número de pessoas morando sozinhas
Há quatro anos, o carioca André Mariani passou a morar sozinho num apartamento no bairro da Gávea. Um dos primeiros entre os amigos a se tornar independente, o consultor de tecnologia da informação, de 28 anos, decorou o apartamento num estilo high tech. Já está em seu terceiro automóvel, um Peugeot 206 SW. Mariani costuma gastar metade do salário de 5 000 reais com as despesas da casa. O restante ele dedica ao lazer e a investimentos financeiros. Mariani é um exemplo do potencial do mercado de pessoas que moram sozinhas — ávidas por tecnologia, conforto e praticidade.
O avanço no número de pessoas sós...
Mais pessoas moram sozinhas (em milhões)(1)
1996 3,2
2006 6
2016 12
O consumo das pessoas que moram sozinhas vem crescendo em média 6% ao ano. Elas são responsáveis por 40% do aumento das vendas de produtos práticos e em porções individuais
...cria uma série de oportunidades de consumo
Conexões de banda larga (em milhões
de conexões)
2007 8
2012 30(2)
Crescimento 275%
Aparelhos portáteis de música (em milhões
de dólares)
2007 99
2012 203
Crescimento 105%
   
Suplementos alimentares (em milhões
de dólares)
2007 319
2012 632
Crescimento 98%
Telefones celulares (em bilhões
de dólares)
2007 3,2
2012 5,4
Crescimento 69%
Cerveja (em bilhões
de dólares)
2007 4,4
2012 6,8
Crescimento 55%
Produtos eletrônicos para carros (em milhões
de dólares)
2007 311
2012 467
Crescimento 50%
(1) Número de domicílios com uma só pessoa (2) Considerando potencial da tecnologia 3G de celular Fontes: IBGE, Euromonitor, grupo Pão de Açúcar e Ethevaldo Siqueira

 

Não será apenas o avanço etário no Brasil que representará novos desafios às empresas. Novos arranjos sociais e familiares vão lentamente determinando mudanças no comportamento dos consumidores. Uma categoria que se tornou obsessão nos departamentos de marketing de muitas empresas é a dos casais sem filhos. Nos Estados Unidos, esses casais são chamados de dinks -- abreviatura de double income, no kids ("dupla renda, sem filhos"). Nesse grupo estão incluídos os jovens que protelam a chegada dos herdeiros, pessoas de meia-idade que já criaram os filhos, os parceiros gays e os casais que não podem ou não querem se tornar pais. A percepção sobre os dinks é que eles consomem mais porque somam dois salários no orçamento doméstico e não têm gastos com dependentes. Portanto, é uma turma que gasta mais com bens de consumo e lazer. No Brasil, a Pnad de 2006 identificou 8,6 milhões de residências de casais sem filhos -- o que representa um aumento de 60% sobre o número de 1996. "Essa parcela da população deve dobrar na próxima década", diz Diniz, do IBGE. No mesmo foco estão os que vivem sozinhos. Assim como os dinks, eles têm uma renda que não precisa ser dividida. "No mercado imobiliário, os solteiros e os sem-filhos já representam 27% das vendas de imóveis novos", diz Paulo Secches, diretor da empresa de pesquisa TNS InterScience. "Esses dois grupos têm perfis muito parecidos de consumo."

O mercado imobiliário é o grande campo de experimentação dessas novas configurações familiares. A construtora paulista Tecnisa entregará em maio um edifício residencial no bairro da Pompéia, na zona oeste de São Paulo, com um espaço dedicado exclusivamente a animais de estimação. O que motivou a inclusão da área na planta do prédio foi a estimativa de que no país haja mais de 60 milhões de cães e gatos domésticos. Na cidade de São Paulo, 65% dos moradores de prédios possuem algum animal de estimação. "Muitos casais estão preferindo arrumar um bichinho a ter um filho", diz Romeo Busarello, diretor de marketing da Tecnisa. O perfil dos compradores do novo edifício, com apartamentos que custam 350 000 reais, é considerado um microuniverso de tendências mais gerais que proliferam nas metrópoles. Entre os moradores, que têm idade média próxima dos 35 anos, 45% são casais sem filhos, 42% são solteiros, 8% são idosos e apenas 5% são famílias com filhos. Esse perfil não se encontra apenas nas classes A e B -- embora seja entre os com maior renda que essas tendências se materializam mais rápido. Nos empreendimentos da construtora Goldfarb, voltados prioritariamente para a classe C, os jovens casais sem filhos são 80% dos compradores.



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