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Apagão ameaça expansão industrial

Veículo: Cosmo Online
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O ritmo atual de crescimento das riquezas do Brasil já deixa a desejar. Pior ainda será a condição imposta ao setor produtivo daqui para frente, já que o cenário é de restrição e de freio nas intenções de investimentos para a ampliação das unidades fabris por conta do apagão energético em que vive o País. Esta avaliação, feita por especialistas ligados ao setor, aponta para um horizonte de dificuldades de abastecimento ou, em outra hipótese, aumento de custos de produção, que invariavelmente traria como resultado a perda de mercados. Exemplo disso pode ocorrer com intensidade no setor têxtil, que hoje já sofre uma concorrência desleal dos produtos asiáticos, importados por preços muito menores do que os praticados no Brasil.'Esta é uma questão de grande relevância, pois a situação energética não se resolve a curto prazo. São investimentos que demoram a se reverter na prática. Na melhor das alternativas, uma fonte de geração de energia elétrica, a partir do gás, por exemplo, leva de três a cinco anos para entrar em funcionamento', explica o professor Roberto Brito de Carvalho, da Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).Com este panorama traçado, o especialista acredita que poderá ocorrer a reversão dos prognósticos de crescimento do PIB vistos até agora. 'O clima de instabilidade já é fator suficiente para frear, ou pelo menos reduzir a aplicação de recursos, o que trará reflexos e a possibilidade de um crescimento menor para o País para os próximos anos. São os gargalos de infra-estrutura tão comentados no Brasil. E entre eles, e de muita relevância, é o de geração de energia', reforça. 'Com isso, se reverte o que estava previsto. O PIB vai crescer por conta da situação internacional favorável. Mas é um crescimento restrito, gerando menos emprego do que o esperado.'Para Sérgio Bajay, diretor do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os reflexos são conseqüência da falta de uma política comprometida a longo prazo, já que a situação atual teve início ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso e está se arrastando até hoje. 'Nosso sistema gerador de energia está concentrado basicamente no hidroelétrico. Num ano favorável, com chuvas, as termelétricas não necessitariam de funcionamento, portanto, o gás seria para outros fins. E só agora a Petrobras está entendendo como este mercado funciona', defende.Bajay vai mais longe, já que o ano não está muito favorável para a questão das chuvas. 'E se não houver gás para o funcionamento das térmicas, em um ano seco, podemos voltar a ter 'apagões'. E se o gás for destinado às térmicas, em termos práticos, a indústria é que terá o fornecimento interrompido. E isso vai significar produtos mais caros, mas com prejuízos infinitamente menores do que ocorreu com o apagão de 2001', analisa.'Infelizmente, esse tipo de coisa não era para acontecer agora. O planejamento foi feito de forma inadequada, com a mistura de arrogância e politicagem. As conseqüências disso são difíceis de prever.


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