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Emergentes v?o apresentar nova proposta na Rodada Doha

Veículo: Estado de S?o Paulo
Seção: Economia
Página: B6

 

 

Às vésperas da cúpula entre Brasil, África do Sul e Índia em Pretória, os países emergentes prepararam nova proposta para o setor industrial na Organização Mundial do Comércio (OMC), respondendo à pressão dos países ricos. A idéia, liderada por Nova Délhi, é modificar a posição dos países em desenvolvimento, mas manter as tarifas de importação de produtos industriais distantes do que querem os ricos. Fontes próximas aos negociadores informaram que, para os países ricos, se a nova proposta dos emergentes se concretizar, não haverá mais o que negociar. O texto da proposta estava sendo negociado em sigilo e o vazamento da informação para a imprensa deixou diplomatas nervosos. Estados Unidos e União Européia insistiram, nos últimos dias, que a cúpula desta semana fosse usada para que Brasil, Índia e África do Sul dessem sinais de flexibilidade. Para Washington e Bruxelas, o corte deveria ser de pelo menos 66% nas tarifas. A idéia inicial dos emergentes era de que o corte fosse de “no máximo 50%”. A nova proposta sugere que as tarifas de importação dos grandes países em desenvolvimento sejam cortadas em “pelo menos 50%”. Em reuniões no primeiro semestre, o Brasil indicou que estaria disposto a cortar suas tarifas bem acima de 50%. Isso dependeria, porém, do que ganharia no setor agrícola. O novo texto será negociado a partir de hoje e já está agitando a OMC. Ontem, governos como o da Venezuela deixavam claro que não aceitariam a proposta que está sendo costurada pelos indianos. A idéia de Caracas e outros governos é que os emergentes não poderão fazer um esforço de liberalização superior ao dos ricos. Pela atual proposta que a OMC tem na mesa, os países desenvolvidos teriam de cortar 25% suas tarifas industriais. A proposta ainda prevê que, quanto maior o corte de tarifas nos emergentes, maior deveria ser a flexibilidade dada para que escolham setores que serão isentos de liberalização. Um corte de menos de 40% nas tarifas, por exemplo, significa que não haverá nenhum setor entre os sensíveis. Um corte acima de 60% implicaria pelo menos 15% das linhas tarifárias de um país sob proteção. A proposta que está sendo costurada ainda sugere que as tarifas dos países ricos para bens industriais fique, em média, em 5,9%. A França já indicou que a atual proposta da OMC, que prevê números mais elevados, já não seria aceita por Paris.
AGRICULTURA
“Temos sensibilidades nos setores automotivo e têxteis”, afirmou um negociador francês. Nesse caso, a proposta parece tentar atender aos pedidos de China e Índia, que já querem ganhar os mercados dos países ricos para os produtos industriais. A China, por exemplo, já deve ser a maior exportadora do mundo em 2008. Para analistas, a jogada da Índia pode ser só uma forma de mostrar aos ricos algum movimento, sem, na realidade, fazer concessões importantes. “A idéia parece ser a de jogar a bola de volta ao campo dos países ricos”, afirmou um negociador. Em Pretória, os três governos devem assinar uma declaração em que se pedirá a conclusão da Rodada Doha, mas de uma forma equilibrada, que respeite as necessidades de desenvolvimento dos países e, sobretudo, coloque a agricultura no centro da liberalização. Ontem, porém, os americanos silenciaram sobre o corte de subsídios, que poderia arrancar concessões dos emergentes. Um novo rascunho de acordo deve sair em duas semanas e a idéia era que a reunião de ontem em Genebra servisse para que Washington deixasse claro qual seria a redução de subsídios que estaria disposta a fazer. “Eles (americanos) não deram nenhum sinal”, afirmou Roberto Azevedo, subsecretário de Comércio do Itamaraty.



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