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Uso da capacidade instalada n?o influencia pre?os, diz Fiesp

Veículo: Estado de S?o Paulo
Seção: ?ltimo Segundo
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As discussões sobre a capacidade da indústria em atender ao crescimento da demanda esquentaram o debate sobre a reunião do Comitê de Política Econômica (Copom), marcada para amanhã e quarta-feira, que vai definir a taxa básica de juros do País. Estudo inédito da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) conclui que não há relação clara entre o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) das fábricas e o comportamento dos índices de preços no País. Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, o debate está sendo conduzido de forma equivocada dentro do governo. "As pessoas que falam a respeito dessa velha senhora dona Nuci não têm a menor idéia do que ela é."O uso da capacidade instalada preocupa o governo, que teme que a oferta de produtos não atenda ao crescimento da demanda e cause inflação. Em agosto, o uso da capacidade instalada da indústria bateu em 86,1%, o maior em 30 anos, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"O grau de conhecimento que existe no governo sobre as características da indústria é muito baixo", diz Francini. "A economia real está muito afastada das pessoas que tratam da política econômica, especialmente no Banco Central."     
Para medir o risco inflacionário, a Fiesp comparou a evolução do uso da capacidade das fábricas e da inflação em três períodos distintos ao longo dos últimos seis anos. Num deles, o uso da capacidade diminui e a inflação aumenta. Em outro, ambos aumentam. No terceiro, a ocupação aumenta e a inflação fica estável. "Não dá para dizer que existe uma relação clara entre índices de ocupação e de preços", diz Francini. Para ele, o indicador de uso da capacidade instalada não revela o potencial máximo de produção da indústria.O uso desse indicador, segundo a Fiesp, deve ser feito com base na variação, e não no nível absoluto. Até porque a medida apresenta "falhas intrínsecas".
"A resposta sobre o nível de utilização da capacidade instalada é difícil de ser dada", observa o diretor da Fiesp. Ele argumenta que a informação não é capturada de forma objetiva. Até a pergunta é difícil de ser formulada, em razão da diversidade dos setores pesquisados.
"É muito complicado colocar num único questionário as flexibilidades que as empresas têm para serem exercidas, como horas extras, turnos adicionais, eliminação de gargalos e investimentos em novas linhas."
ECONOMIA REALA TRW Automotive, líder de vendas de sistemas automotivos, decidiu abrir um quarto turno de trabalho no setor de fundição, que estava sobrecarregado pelo forte crescimento da demanda. O estudo da Fiesp destaca também que as empresas de setores cuja natureza é de operação contínua, ou seja, rodam a produção 24 horas nos sete dias da semana, buscam trabalhar perto de 100% da capacidade para otimizar o investimento de capital. Em agosto, segundo a CNI, o setor de fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool operava com 94% da capacidade; metalurgia básica, com 93,7%; e fabricação de celulose e papel, 88,3%. A média da indústria era de 83,6%. "Esses setores elevam a média em três pontos porcentuais", diz Francini.A Basf, que atua no segmento químico, opera com 85% a 90% da capacidade.
"Nossas fábricas rodam 24 horas por dia", diz Fernando Figueiredo, vice-presidente. "Vamos crescer pelo menos dois pontos porcentuais acima do PIB neste e no próximo ano."A Basf tem planos de investir no Brasil 252 milhões até 2011. A Fiesp mostra ainda que a maioria dos setores com alto nível de ocupação apresenta variação de preços abaixo da inflação. No setor têxtil, em que o nível de utilização chegou a 86,4% em agosto, os preços da indústria recuaram 2% em relação a setembro de 2006.
"Estamos trabalhando praticamente a 100% da nossa capacidade para diluir custos, compensar um pouco os efeitos negativos do câmbio desfavorável", conta Marcel Imaizumi, diretor de gestão da Vicunha Têxtil.



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