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Exportador redirecionou manufaturado dos EUA para Europa, mostra estudo

Veículo: Valor Econ?mico
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Os produtos manufaturados estão ganhando importância na pauta de exportação do Brasil para a União Européia. No biênio 2000/01, a categoria respondia por 38% das vendas brasileiras para os europeus. Esse percentual subiu para 41% em 2005/06. É o oposto do que ocorre com os manufaturados brasileiros no mercado americano e nas vendas totais do país.
A participação dos manufaturados nas exportações brasileiras para os Estados Unidos encolheu de 77% para 70% entre 2000/2001 e 2005/2006. No mesmo período, a fatia dos industrializados nas vendas externas totais do país cedeu de 59% para 55%. Os dados são de um levantamento do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), elaborado a pedido da Escola de Ciências Políticas (Sciences Po), de Paris, que será apresentado hoje em evento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio).
Segundo Sandra Rios, diretora do Cindes e uma das autoras do estudo, as empresas brasileiras redirecionaram manufaturados dos Estados Unidos para a Europa para aproveitar o câmbio. Como o real se valorizou mais em relação ao dólar do que ao euro, o Brasil perdeu mais competitividade no mercado americano do que no europeu. Além disso, as economias da Europa começam a recuperar o fôlego.
 

"É uma falácia dizer que o Brasil só exporta commodities para a União Européia e manufaturados para os Estados Unidos", diz Sandra. Em termos absolutos, as exportações de manufaturados do Brasil para os EUA superam as vendas para a UE, mas a especialista atribui esse fato à diferença na dimensão dos dois mercados. Enquanto os Estados Unidos importaram US$ 1,26 trilhão em produtos manufaturados do mundo em 2005, a União Européia comprou US$ 919 bilhões.
A diferença de market-share dos produtos industrializados brasileiros nos dois maiores mercados do mundo é pouco significativa. O país responde por 1,28% das importações de manufaturados dos Estados Unidos e por 1,14% das aquisições da UE. Sandra acrescenta que é natural que os básicos predominem na pauta de exportação brasileira para a Europa, já que o continente é o importador de commodities agrícolas. Já os Estados Unidos se destacam na agricultura e são concorrentes do Brasil.
As indústrias intensivas em escala ganharam espaço na União Européia, aumentando sua participação nas exportações brasileiras para a região de 8,5% em 1996/97 para 12% em 2005/06. No mesmo período, os fornecedores de bens de capital elevaram sua fatia de 6% para 9% e as indústrias intensivas em tecnologia de 3% para 4%. Apenas as empresas intensivas em trabalho, como têxteis, calçados ou móveis, recuaram de 8,4% para 6,5%.
O estudo do Cindes selecionou produtos em que o Brasil possui participação expressiva no mercado americano (superior a 10%) e insignificante na Europa: químicos, têxteis, granitos, cerâmicas, siderúrgicos, aviões, máquinas e equipamentos. No setor têxtil, a tarifa de importação é de 12% a 15%, o que atrapalha a entrada dos produtos brasileiros. No setor químico, a margem de lucro é baixa e qualquer taxa atrapalha a competitividade. No entanto, tratam-se de exceções.
Na maioria dos casos, as tarifas de importação da União Européia são pequenas e não explicam as dificuldades que os produtos brasileiros enfrentam para chegar a esse mercado. As negociações comerciais, portanto, ajudariam pouco. Segundo Sandra, os setores relatam dificuldades específicas em vender para a Europa e, em muitos casos, existem uma tendência de alta.
Na aviação civil, por exemplo, o Brasil detinha 17,5% das importações dos EUA e 1,8% das compras européias em 2005. Não existem tarifas de importação desse produto. Enquanto nos EUA funciona um modelo regional, que favorece aeronaves de pequeno porte, como as da Embraer, a Europa opera com aeronaves grandes. O mercado europeu, no entanto, está se consolidando, o que deve abrir espaço para a aviação regional e para os jatos da Embraer.

 



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