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Ind?strias de cal?ados e t?xteis esbo?am rea??o
Seção: Economia
Página: B6
O crescimento da economia, apoiado no aquecimento da demanda interna, está impulsionando a reação, ainda que tímida, das indústrias de calçados, têxteis e vestuário, setores mais prejudicados pelo câmbio. Nos últimos 26 meses, a produção de calçados só teve quatro resultados positivos na comparação com igual mês de ano anterior, segundo o IBGE. Dois deles ocorreram em junho e julho. 'O setor é muito dependente de salário, emprego, renda, então há um crescimento da produção, mas em ritmo muito menor que o das importações, por exemplo', disse o superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. 'Estamos notando que há um crescimento da demanda interna de calçados', emendou o consultor de Inteligência da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Enio Klein. Ambos destacam, porém, que o câmbio permanece como um problema para os dois segmentos. Klein explica que entre 20% e 25% dos calçados fabricados no Brasil são exportados e a maior parte das 6 mil empresas do setor envia algum montante de produtos para o exterior. No momento, parte da produção voltada para fora está sendo redirecionada para o mercado interno, embalada pela expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e do consumo. 'O grande benefício é quando crescem juntos, em bom ritmo, as exportações e o mercado interno', disse. De acordo com o consultor da Abicalçados, o consumo per capita anual de calçados no Brasil é estimado em três pares e, em 2007, poderá chegar a 3,2. 'Como a população é grande e continua crescendo, o volume é alto', explica. Por outro lado, o País importa cerca de 20 milhões de calçados a cada ano dos países asiáticos, especialmente da China. Os chineses são, também, uma concorrência permanente para os fabricantes de tecidos e vestuário. Por isso, devido ao crescente incremento nas importações, há uma distância significativa entre o desempenho de calçados e vestuário no varejo e na indústria. Enquanto no varejo o volume de vendas de tecidos, vestuário e calçados aumentou 10,1% no primeiro semestre, ante igual período de 2006, a produção industrial de calçados caiu 6,3%. No mesmo indicador, a produção de têxteis (1,54%) e vestuário e acessórios (2,57%) cresceu bem abaixo da média da indústria (4,8%). Pimentel diz que 'são positivos os sinais de produção de têxteis e vestuário, mas isso é apenas parte da verdade'. Segundo ele, o crescimento desses segmentos, no que diz respeito à produção, ainda está muito abaixo do potencial e ocorre sobre uma base de comparação muito baixa de 2006. As dificuldades das empresas, listadas por ele, são concorrência internacional, sobretudo da China, além da influência dos juros, câmbio, carga tributária e deficiência de infra-estrutura. Para ele, o IBGE tem mostrado 'uma reação muito tímida, mas mostra claramente que a indústria (têxtil) é muito competitiva e capaz de suportar as adversidades'. Pimentel avalia que o sinal dos dados de produção fechará positivo para os segmentos têxtil e de vestuário no acumulado de 2007, mas os números 'estarão aquém da indústria de transformação e de consumo, então, há pouco o que comemorar'. Segundo Klein, este ano será 'seguramente melhor' que 2005 e 2006.
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