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Meta de exporta??o passa a US$ 155 bi

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
Página: A4

 

 

O governo anunciou ontem a revisão da meta de exportações para este ano. Ela foi elevada de US$ 152 bilhões para US$ 155 bilhões, considerando o desempenho das vendas nos últimos 12 meses (US$ 150,43 bilhões). Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, esse novo objetivo tem como base um aumento médio de 12,5% para as vendas externas neste ano. Antes disso, a expectativa oficial era a de um crescimento de 10,9%. Os números da balança comercial em julho, divulgados ontem, mostraram dois recordes mensais. As importações, pela primeira vez, superaram o nível dos US$ 10 bilhões (US$ 10,77 bilhões). E as exportações também ultrapassaram, pela primeira vez, os US$ 14 bilhões (US$ 14,12 bilhões). Julho teve média diária de US$ 641,8 milhões em vendas e US$ 489,7 milhões nas compras. Na comparação com julho de 2006, essas médias significaram aumento de 28,7% para as importações e queda de 1,3% para as exportações. No resultado comercial acumulado de janeiro a julho, as exportações foram de US$ 87,33 bilhões e as importações chegaram a US$ 63,35 bilhões, o que leva a um superávit de US$ 23,98 bilhões. Nesses sete meses, as vendas externas tiveram aumento médio de 16,1% em relação ao mesmo período de 2006. Nas compras, a elevação média foi de 27,1%. O diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, alertou para o que chama de 'volta ao passado'. Na sua análise, isso significa que 2007 poderá ter a exportação de produtos manufaturados abaixo de 53% do total, o que não ocorria desde 1983. Além disso, as vendas de básicos poderão ficar acima do 30%, o que não acontecia desde 1987. 'Isso é ruim para o Brasil porque ficamos mais dependentes do mundo', advertiu.     No critério da AEB, 65% das exportações brasileiras são de commodities ou 'quase commodities', o que revela perfil desconfortável. Na perspectiva de Castro, se o acordo da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) não for construído, o Brasil vai ficar isolado. 'O Mercosul não fez acordos regionais importantes e o câmbio deve continuar valorizado, prejudicando as exportações de manufaturados. Até para ampliar as vendas de commodities o país tem de investir muito mais em infra-estrutura', lamentou.     A AEB também fez uma revisão das suas projeções da balança comercial deste ano. Segundo a entidade, as exportações devem bater os US$ 159,6 bilhões, as importações ficarão em US$ 117,7 bilhões e o saldo seria de US$ 41,9 bilhões. Meziat comentou que as importações vão continuar crescendo mais que as exportações, o que já era esperado pelo governo. A surpresa, para ele, foi o aumento das exportações. Mas ponderou que está mantido o 'perfil virtuoso' das importações, com predominância de matérias-primas e bens de capital. 'O câmbio e a demanda da economia explicam esse salto das compras externas.'  De acordo com as informações divulgadas ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no período janeiro-julho, as importações de bens de capital ficaram com participação de 20,9% no total das compras. Matérias-primas e bens intermediários representaram 50% e bens de consumo ocuparam 13,2%. Considerando as médias diárias, as importações desses três grupos de produtos tiveram, respectivamente, as seguintes variações sobre o mesmo período no ano passado: 24,7%, 28,4% e 32,5%. O secretário também procurou ressaltar que, no primeiro semestre deste ano, as exportações tiveram crescimento de 9,2% no preço e 10,1% na quantidade. Segundo ele, essas variações mostram desempenho melhor que o do ano passado. Em 2006, os preços das vendas cresceram 12,5%, mas a quantidade cresceu apenas 3,2%. Na análise de quantidade e preço das exportações, o primeiro semestre teve predomínio de melhores desempenhos para produtos básicos ou de pouco valor agregado. Quedas na quantidade exportada foram mais comuns em produtos mais sofisticados. Meziat comentou que a queda de 12,4% nas vendas de motores e a redução de 13,2% nas exportações de automóveis foram decorrência do câmbio e da forte demanda interna. Ele também atribuiu à escolha do México pela Nokia a diminuição de 29,5% na quantidade de celulares exportados nesse período.  A revisão da meta de exportações para este ano, segundo Meziat, considerou muitas informações do desempenho e de tendências da balança comercial, mas nada preocupou o governo.   



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