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Santista sofistica denim para fugir dos chineses

Veículo: Valor Econ?mico
Seção: Empresas
Página: B10

 

Cansada de competir em preço com o denim (e indiretamente com os produtos acabados de jeans na China), a Santista Têxtil decidiu redirecionar seu mix de produtos para itens de maior valor agregado. Até meados de 2008 a empresa vai abandonar a fabricação do denim básico, considerado uma commodity. Atualmente, mais de 50% da produção da Santista está voltada para a produção de denim "premium", mais nobre, utilizados pelas principais grifes brasileiras e algumas internacionais, de acordo com o presidente da companhia, Ricardo Weiss. "É uma verdadeira mudança cultural. Não podemos mais competir apenas com preço". A mudança do mix começou a tomar corpo em 2005, quando as roupas prontas vindas da China começaram a invadir o mercado brasileiro. No ano passado, foram investidos US$ 70 milhões na modernização do parque fabril (com unidades espalhadas entre Brasil, Chile e Argentina). Em 2007 outros US$ 50 milhões serão aplicados. Os volumes totais de produção, hoje na casa dos 150 milhões de metros lineares por ano, não serão alterados. A fusão da Santista com a espanhola Tavex contribuiu para acelerar as transformações no mix de produto, de acordo com Weiss. O grupo formado no ano passado, que se transformou no maior fabricante de denim do mundo, se reúne constantemente com representantes de grifes poderosas como Diesel, Miss Sixty, Zara, Levi´s e Blue Cult para discutir novas tendências e tentar detectar as exigências dos consumidores. "Dessa forma, é possível trazer para o Brasil tecidos e lavagens com pelo menos um ano de antecedência em comparação aos nossos concorrentes", disse Maria José Osse, diretora de marketing da Santista. Não existem dados para medir o tamanho da invasão dos jeans chineses - o Ministério da Indústria e Comércio (MDIC) e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) possuem apenas dados gerais de importação de vestuário. Em 2005, as importações de roupas chinesas alcançaram US$ 227 milhões, valor que cresceu para US$ 346 milhões em 2006, alta de 52,7%. Ainda segundo a Abit, a importação geral de denim saiu de US$ 3,3 milhões em 2005 para US$ 6,5 milhões no ano passado. Segundo a diretora de marketing, as recentes medidas antidumping (a tributação do vestuário importado deixará de incidir sobre o preço de importação para considerar o peso do produto) são paliativas. "É necessário combater os produtos ilegais que chegam ao país." Além dos investimentos na América do Sul, a Tavex planeja abrir uma nova unidade fabril em Honduras, para aproveitar o acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Um terreno já foi adquirido no local, mas não foi definida uma data para o início das obras. Recentemente a Tavex adquiriu duas unidades da mexicana Acotex para ficar mais próxima do mercado americano de jeans superpremium, estimado em 800 milhões de metros lineares e que movimenta US$ 1 bilhão por ano. A Santista informa deter cerca de 20% do mercado brasileiro de denim, cuja produção mensal é de cerca de 50 milhões de metros lineares. Muitos fabricantes já estão apostando em produtos de maior valor agregado para combater o produto pronto chinês. É o caso da cearense Santana Têxtil, que no fim do ano passado criou a Loco Serius Denim. Já a Canatiba, de Santa Bárbara D´Oeste (SP), informa que toda sua produção (7 milhões de metros lineares por mês) é voltada para segmento premium desde o início da década de 80. "O preço médio de nosso denim é de R$ 9,00 por metro linear, chegando em alguns casos até R$ 14,00. Os produtos básicos não chegam a custar R$ 4,50".
Tecidos mistos, jeans encerado e malha de jérsei são tendências para o verão
A temporada de moda de São Paulo, que terminou ontem, apontou algumas tendências em matérias-primas para o próximo verão. As malhas de jérsei, o jeans encerado e os tecidos mistos de fibras naturais com sintéticas ou artificiais foram algumas das escolhas que se repetiram ao longo dos quase 50 desfiles do São Paulo Fashion Week. Eles traduzem um momento em que os consumidores querem conforto, tecnologia e processos fabris menos poluentes. "É o momento dos tecidos naturais, fluídos e ecológicos", diz Rita Vallone Giora, diretora de produto da tecelagem G. Vallone, de São Paulo. Esses atributos podem estar numa mesma matéria-prima, mas não necessariamente. Para a temporada de verão 2008, a G. Vallone criou tecidos com a mistura entre a seda e outras fibras - um bom exemplo de evolução tecnológica. A tecelagem é fornecedora de matérias-primas para grifes como Forum, Triton, Huis Clos, Colcci e Rosa Chá. "A seda misturada com a viscose resulta num tecido com melhor caimento e acabamento", diz Rita. A viscose é uma fibra artificial derivada da celulose e responde ao tingimento de forma diferente da seda, que é uma fibra natural. "Cada fio fica de uma cor." Um tecido misto de algodão com poliamida é outra aposta da G.Vallone, que se destaca no quesito fluidez. "Ele é ótimo para a moda praia, pois é mais fácil de lavar e de secar, é mais transparente e com caimento mais leve". A tecelagem - que tem 20 anos de mercado e produção de 140 mil metros de tecido por mês - também produz uma fibra do borrete do algodão, que é mais grossa porque sofre menos processos químicos - e por isso polui menos. Outra fibra menos poluente é a derivada do cupro, a celulose do algodão. "Essa fibra é importada do Japão e nós a misturamos com lã ou com seda." Entre as malhas, as mais comentadas da temporada foram o jérsei e a malha de bambu - recurso renovável e de baixo custo. A malharia Marles lançou o produto, no ano passado. Durante os desfiles de verão 2008 do Fashion Rio e do SP Fashion Week, a malha de bambu apareceu nas coleções das marcas Animale, Graça Ottoni, Victor Dzenk, Lorenzo Merlino, Wilson Ranieri, Samuel Cirnansck e Priscila Darolt. O jérsei feito com o fio Amni (poliamida) é a aposta da Rhodia para 2008 - que vem consumindo boa parte da verba anual de US$ 5 milhões que a empresa tem para o desenvolvimento de novos produtos. "O Jersey Amni tem filamentos mais finos, é mais uniforme e mais liso, além de permitir mais contrastes de brilho", diz José da Conceição Padeiro, diretor de marketing da Rhodia, no Brasil. Entre os clientes do Jersey Amni estão as malharias Berlan, Charlex, Brasilev, Dalutex, Santaconstancia, Doutex e Kalimo. E entre as confecções que apresentaram roupas com a matéria-prima, durante o SP Fashion Week, estão Alexandre Herchcovitch, Jefferson de Assis, Fause Haten, Gisele Nasser, Victor Dzenk e Simone Nunes, além da Iódice e Zoomp. "O jérsei está ocupando o lugar da viscose com elastano", diz Padeiro. "É a opção para quem quer uma malha diferenciada, mais confortável e com leque maior de possibilidades de uso". O novo jeans que apareceu em diversas coleções, durante a semana de lançamentos de moda, tem aspecto menos gasto e superfície encerada. As cores também mudaram: variam do cinza ao esverdeado, passando pelo marrom. A Santista Têxtil batizou o seu lançamento de "glass", pela superfície com aspecto envidraçado. "Esse tipo de denim tem aparência mais refinada", diz Maria José Orione, gerente de marketing da Santista. Ele foi a escolha de grifes como Alexandre Herchcovitch, Zoomp e Ellus.


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