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Setores atingidos pelo real valorizado criticam medidas de al?vio do governo

Veículo: O Globo
Seção: Economia
Página: 22

 Representantes dos setores mais afetados pela valorização do real frente ao dólar afirmaram ontem que o pacote anunciado pelo governo ficou aquém das expectativas. A desoneração da folha de salários e a redução da carga fiscal, reivindicações antigas do empresariado, eram itens que eles gostariam ter visto no pacote. O presidente da Abicalçado, associação que reúne as indústrias de calçados, Elcio Jacometti, afirmou que o pacote é bem intencionado, mas não devolve a competitividade do setor no mercado internacional. - Se não tenho pedido, como vou investir? - indagou Jacometti, ao comentar a criação de linhas de financiamento especiais no valor total de R$ 3 bilhões, destinadas a investimentos em projetos de expansão e em capital de giro. - Essas medidas não atendem em nada o momento presente do setor - disse Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). - São medidas paliativas que não resolvem o problema cambial - acrescentou José Luiz Fernandez, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Móveis (Abimóvel), que esperava mais ousadia. O presidente da Abinee, entidade que congrega as empresas eletroeletrônicas do país, Humberto Barbato, considerou as medidas "muito tímidas" e insuficientes para dar fôlego ao setor nas vendas externas. - Precisamos de medidas que atuem na desvalorização cambial - disse ele, ao lembrar que o setor teve um déficit em sua balança comercial de R$ 10 bilhões no ano passado. Barbato defende, além da desoneração da produção, a tributação do capital especulativo que entra no país atraído pelos juros altos, e a permissão para o exportador deixar 100% do valor exportado no exterior. Hoje, o exportador pode deixar até 30% das divisas com exportação no exterior. Mais cautelosa, a Anfavea, associação que reúne as montadoras no país, disse que as medidas são positivas e mostram a preocupação do governo com a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional. Mas frisou que aguarda outras medidas específicas já prometidas para o setor. - É um início importante, mas estamos aguardando outras medidas que estão sendo estudadas pelo governo e que atendem a indústria automobilística - disse Ademar Cantero, diretor de Relações Institucionais da entidade. O pacote anunciado ontem pelo governo também foi considerado insuficiente pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O diretor do Departamento de Economia da entidade, Paulo Francini, disse duvidar da eficácia de medidas voltadas apenas para poucos setores. Segundo ele, o câmbio traz problemas para toda a economia. - Tenho dúvidas se escolher determinados setores resolve a maior questão, que é a do câmbio - disse ele.
Para o Ciesp, medidas são apenas paliativas
Mesma opinião tem o diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Antônio Correa de Lacerda: - Essas medidas são paliativas e compensatórias, porque não criam novas vantagens competitivas, o grande desafio da economia hoje. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a grande ausência foi a desoneração da folha de pagamento. Para a entidade, o pacote foca apenas o aumento de investimentos. - O pacote não traz medidas que beneficiem diretamente as empresas em dificuldades na produção corrente - disse o economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira.


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