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Indústria opta pela qualidade contra chineses

Veículo: DCI
Seção: Indústria
Página: A7

Indústrias dos setores de têxteis, calçados e móveis decidiram enfrentar a invasão chinesa nesses segmentos com quatro armas: ênfase na qualidade, modernização do parque fabril, design moderno e avanço em mercados no exterior em que a presença da China ainda é inexpressiva. Com essas medidas, empresas conseguem ter êxito frente à concorrência considerada predatória dos chineses. Em calçados, um dos exemplos de estratégia para fazer frente aos produtos da China é a West Coast, também dona da Cravo&Canela, que cresceu 15% no ano passado e já tem obtido bons resultados, por exemplo, no Leste Europeu, região que merece pouca atenção dos chineses. Segundo o diretor de Marketing da companhia, Sergio Baccaro, "quem ainda não investiu em qualidade dos calçados, está fora do mercado". A Bibi, fabricante de calçados infantis, aumentou sua receita em dólar neste começo de ano em 75% e as exportações em pares aumentaram 42%, mas a margem é quase nula. Para mudar esse quadro, a Bibi investe pesado em inovação e expansão nos diversos países em que tem negócios. Dessa forma, fez negócios com países como Noruega, França e até Índia, com os Skatênis, calçados em que brilham lâmpadas de cores diferentes. Na indústria de tecidos, a cearense Santana Têxtil investiu R$ 150 milhões, nos últimos cinco anos, em máquinas modernas e em suas instalações. Além disso, a Santana programou seu sistema logístico de forma que sua fábrica em Goiás está próxima de fornecedores de algodão e exportará para a América do Sul, a fábrica do Ceará utiliza mais matéria-prima importada e exportará para Colômbia, Venezuela e outros países ao norte do Brasil. Líder na área têxtil, a Coteminas quer aumentar sua participação no mercado mundial do setor têxtil dos atuais 7,5% para 20%. Para chegar lá, a empresa se prepara para produzir na China. A Lupo acaba de perder o contrato de fornecimento para a CalvinKlein norte-americana por conta das dificuldades que o setor enfrenta, mas, sem desanimar, aproveita o momento para importar maquinário moderno, investir em sua competitividade e torcer para que as condições para exportação fiquem mais favoráveis, explica Valquírio Cabral, diretor comercial da companhia. "Também estamos realizando esforços para entrar em novos mercados, como, por exemplo, a Arábia, onde temos conseguido bons negócios", diz Cabral. Ele, no entanto, avisa: "O mercado interno será o maior responsável por nossa expansão". Retomada de móveis Após apresentar retração de 5% nas exportações em 2006, em relação ao ano anterior, o setor de móveis busca soluções para não ter, em 2007, mais um ano de dificuldades no cenário externo. A principal estratégia é investir na diferenciação dos produtos, evitando assim a concorrência direta com o baixo custo dos fabricantes chineses. "O Brasil tem buscado novos mercados na Índia, no México e em países africanos, como Angola e Moçambique", analisa o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário (Abimóvel), José Luiz Fernandez. Além de ampliar a presença em mercados menos tradicionais, uma vez que a China intensifica sua ofensiva principalmente na Europa e nos Estados Unidos, os moveleiros brasileiros tentam enfocar suas vendas em um público específico: a classe média. Assim, não concorrem nem com os produtos chineses nem com os móveis europeus de alto padrão. Com iniciativas como essa, a indústria luta para fazer frente à crescente concorrência chinesa. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 26% das empresas brasileiras concorrem com produtos da China no mercado interno.


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