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Varejo de vestuário avança com outlets

Veículo: Gazeta Mercantil
Seção: Administração & Serviços
Página: C8

Conceito americano, já usado por TNG, Daslu e AnyAny, deve ganhar impulso na baixa renda. A tendência norte-americana de outlets chegou ao Brasil há cerca de 15 anos, mas somente agora começa a tomar corpo. O segmento que lidera o movimento é o varejo de vestuário, que descobriu que o recurso serve não só para escoamento de coleções antigas como peças com defeitos e ainda colabora na fidelização da clientela. A estratégia é utilizada aqui por marcas internacionais, como Adidas e Nike, mas também por grifes brasileiras, como Daslu e Lita Mortari. "Com varejo e indústria voltando o olhar para a base da pirâmide, lançando produtos que incluem as classes C, D e E, as perspectivas são de grande crescimento para esse tipo de comércio", aponta o consultor Claudio Felisoni, do Programa de Administração de Varejo (Provar). "As redes brasileiras vêm se firmando no segmento, principalmente com roupas e algumas iniciativas em eletros, até pela influência da internacionalização de mercados. É embrionário, mas em progresso." A rede de vestuário TNG é um exemplo desse aquecimento: saltou de uma para oito outlets nos últimos dois anos, e têm outras quatro em projeto, somente para São Paulo. "Não é uma operação que se pretende lucrativa, mas a intenção é reduzir ou eliminar os prejuízos que teríamos com sobras de peças", aponta Tito Bessa, proprietário da TNG. O empresário montou uma unidade outlet há 10 anos para vender mais barato as peças que não passavam no controle de qualidade e viu a necessidade de ampliar a rede para comercializar as antigas coleções. Uma unidade de outlet chega a ter a mesma média de faturamento das lojas da rede, graças ao volume. "São peças com até 80% de desconto. Ampliei o número de outlets para que as outras lojas não tivessem que ficar em liquidação de estoque o ano todo", conta. Ponta de estoque Mais do que copiar um modelo americano, a necessidade da indústria brasileira de escoamento de produtos com o mínimo de prejuízo criou formatos próprios de outlets, como a ponta de estoque. A principal diferença entre outlet e ponta de estoque, modelo mais propagado no País, é a gama de produtos - geralmente maior na concepção americana. "A ponta de estoque no Brasil é muito focada para as sobras de fabricação, enquanto as outlets incluem os itens que saíram de moda, devoluções e peças de mostruário", explica Felisoni. A rede de vestuário esportivo Track&Field segue esse modelo. "As peças vendidas nas duas pontas de estoque da marca não possuem defeitos, são apenas de coleções anteriores", conta Ana Cláudia Tommafi, diretora de varejo da empresa. Segundo ela, a fidelização da clientela acontece na loja tradicional, com compras a cada coleção - o que não impede o aproveitamento de pechinchas na ponta de estoque. A marca Iódice não mantém uma unidade exclusiva de escoamento, mas já ficou conhecida na lista de pechinchas por bazares periódicos na loja do bairro Pinheiros. A tendência é que esses formatos evoluam para o conceito de outlet. Localização Apesar do avanço, o mercado brasileiro não está completamente sintonizado ao conceito original de outlet, segundo Felisoni. "Aqui, não tem o mesmo apelo que nos Estados Unidos porque se misturam com as atividades estabelecidas normalmente pela empresa", pondera. O problema é que, em geral, essas unidades estão geograficamente próximas às tradicionais. "A outlet imputaria ao consumidor um custo de deslocamento, compensado pelo preço dos produtos. Quando estão bem localizadas, disputam o mesmo cliente do produto original", explica. A rede de vestuário feminino Gregory mantém em Pinheiros, lado a lado, sua "off price" e uma unidade tradicional, com os lançamentos. Mesmo a TNG mantém os dois formatos em um mesmo raio, o que caracteriza a mesma clientela - segundo Bessa, quem recorre à outlet é o cliente que já consome a marca. Para Felisoni, a localização é o principal ajuste que o mercado brasileiro tende a fazer. "É importante separar os públicos ou a rede não conseguirá que a clientela absorva o preço maior."


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