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Lojas do Brás vendem 132 milhões de jeans

Veículo: Diário de São Paulo
Seção: Economia
Página: B-1

O Brasil está hoje entre os maiores produtores de jeans do mundo, com 280 milhões de metros do tecido por ano. Deste total, 55% (154 milhões de metros) viram roupas no Brás, o tradicional bairro paulistano, hoje o maior pólo industrial de jeans do país. As cinco mil confecções e lojas da região vendem 11 milhões de peças por mês entre calças, bermudas, jaquetas, saias e vestidos. Nada menos do que 132 milhões de jeans por ano, em média. A maioria das confecções segue um roteiro que começa no Nordeste, onde as tecelagens produzem o tecido bruto azul marinho. "As indústrias ficam lá porque o incentivo fiscal é maior", diz Kamal Soueid, diretor da confecção Dust. Segundo Sueli Pereira, gerente de Moda e Design da Santista Têxtil, a produção no Nordeste vai para confecções e grifes, como a Levis, que é parceira da Santista há anos. Após a fusão com a espanhola Tavex, em 2006, a Santista intensificou a exportação. "Um dos nossos clientes que compra tecidos é italiana Diesel. Exportamos entre 30 % e 40 % da produção". Ao chegar ao Brás, o tecido é modelado e cortado. "Mandamos os pedaços para as oficinas de costura no interior de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná", conta Ely Akkari, vice-presidente da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) e diretor da confecção Biotipo. Costuradas, as peças voltam para o Brás e vão para a lavanderia, onde ganham a cor foral, manchas ou recortes. De volta, recebem acabamento (botões, rebites e etiquetas). A calça jeans custa a partir de R$ 30 no varejo. Com a queda do dólar, a partir de 2004, as exportações minguaram e as confecções do Brás voltaram se para o mercado nacional. Em 2003, 40% do que era produzido iam para fora. "Hoje, não passa de 2 %. Muito do que é manufaturado aqui é vendido pelos shoppings. A marca só fornece etiquetas e botões", diz Akkari, que mantém segredo sobre os ilustres clientes. Nordeste já fez calças até para a grife italiana Diesel A ótima qualidade do jeans brasileiro, produzido em sua maioria nas tecelagens instaladas no Nordeste, despertou o interesse até de grifes internacionais. A marca italiana Diesel é uma delas. O Nordeste se popularizou como fonte do tecido jeans por causa da mão de-obra barata, incentivos fiscais para as empresas e pela proximidade da Europa e EUA. A cidade de Horizonte, a 40 quilômetros de Fortaleza (CE), recebeu uma encomenda de mais de 10 mil peças da Diesel no final de 2005. A empresa SN Confecções produziu as,roupas que seriam vendidas no Exterior. No entanto, a Diesel não produz regularmente no Brasil. As peças são exclusivamente italianas, mas há alguns modelos diferenciados, como sarja, que são confeccionados em outros países de mão de obra barata, como Leste Europeu, Romênia, China e outras regiões da Ásia. É neste contexto que se encaixa a produção do Nordeste. Com sede em Molvena (Itália), a marca tem mais de 200 filiais em quase 100 países. Uma calça jeans importada da marca não sai por menos de R$ 1 mil no Brasil. O vice presidente da Associação do Lojistas do Brás (Alobrás), Ely Akkari, conta que, diferentemente de outras marcas famosas nacionais, as peças da Diesel são todas importadas da Itália. "Quase todo o jeans de marca nacional que é vendido nos shoppings é confeccionado no Brás. Já de grifes internacionais como a Diesel, o jeans vem pronto de fora", diz Akkari; que mantém sigilo sobre os nomes das grifes clientes. Mercado em expansão Mas o Nordeste não fabrica tecido só para o Brás. O segundo concorrente atende pelo nome de Toritama, uma cidade que fica a 180 quilômetros de Recife (PE). Com cerca de três mil indústrias de tecelagem, a região é responsável por 16% da produção nacional. Segundo a Associação Comercial e Industrial de Toritama, a cidade produz jeans para o Brasil inteiro e há grifes que fabricam o jeans na cidade e só colocam as etiquetas. Junto com os municípios de Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe, o trio forma um grande pólo de jeans, segundo maior do Brasil, perdendo apenas para o Brás.


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