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Saldo comercial depende cada vez mais de commodities, mostra estudo do Iedi

Veículo: Valor Econômico
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O saldo da balança comercial brasileira está cada vez mais dependente das commodities. Produtos como café, açúcar e soja responderam por quase 50% do superávit obtido pelo país nas trocas com exterior no ano passado, revela levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), divulgado ontem. Já os setores de alta intensidade tecnológica, como eletroeletrônicos, aprofundam as perdas no comércio mundial. Em 2006, esse setor foi responsável por 20% dos resultados negativos do país no exterior. "É uma armadilha complicada para a balança comercial", diz Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi, responsabilizando a valorização do câmbio pelos resultados. No ano passado, o setor de agricultura tropical obteve a maior contribuição para o saldo da balança comercial. Açúcar e café são os principais produtos, apurando, respectivamente, superávits de US$ 6,3 bilhões e US$ 3,7 bilhões. Favorecido pelo aumento dos preços dessas commodities, o superávit da agricultura tropical chegou a US$ 11,2 bilhões, acima dos US$ 8,4 bilhões de 2005 e quase três vezes os US$ 4,6 bilhões de 2001. O setor de cereais, cujo carro-chefe é a soja, também teve um desempenho bom, mas um pouco inferior ao dos anos anteriores. Devido à crise de preços da soja, o superávit obtido pelos cereais caiu de US$ 10,8 bilhões em 2005 para US$ 10,4 bilhões em 2006. Mas em 2001 esse segmento contribuía com apenas metade desse total: US$ 5,4 bilhões. Entre os setores que tiveram contribuição negativa para a balança comercial, o de eletroeletrônicos foi o que mais aprofundou seu déficit. As perdas desse segmento saíram de US$ 6,8 bilhões em 2005 para US$ 9,1 bilhões em 2006. "É uma ironia", diz Pereira, lembrando que produtos como equipamentos eletrônicos e de informática estão entre os destaques da produção industrial. Ele explica que a agregação de valor nesse setor é pequena, portanto, quanto mais aumentam as vendas, mais sobem as importações. Chama a atenção o bom desempenho dos setores intensivos em capital, cujo superávit subiu US$ 3 bilhões em 2001 para US$ 9,8 bilhões em 2005 e US$ 9,5 bilhões em 2006. Dentro desse segmento, o principal destaque é o aço, que também é cotado e comercializado como uma commodity. Esse produto foi beneficiado pelas compras da China nos últimos anos. Ao longo dos últimos cinco anos, os setores intensivos em trabalho (têxtil, calçados, móveis, entre outros) e máquinas e veículos rodoviários (automóveis) melhoraram muito sua performance na balança comercial brasileira. Com a desvalorização do real, o superávit dos setores intensivos em trabalho subiu de US$ 3,3 bilhões em 2001 para US$ 5,6 bilhões em 2005. Em máquinas e veículos rodoviários, a alta foi ainda mais impressionante: de US$ 600 milhões para US$ 6,7 bilhões. No ano passado, o resultado desses setores recuou ou patinou. Ficou em US$ 5,7 bilhões em bens intensivos em trabalho e US$ 6,7 bilhões em veículos rodoviários. Pereira acredita que esses superávits podem retroceder um pouco mais este ano se o câmbio persistir no atual patamar. "As filiais das montadoras disputam entre si os contratos para exportar carros. E a taxa de câmbio é parte importante de sua competitividade", diz o economista do Iedi.


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