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Karsten reestrutura negócios e investe nas classes populares

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
Página: B11

Diante de um câmbio desfavorável para as exportações e de uma forte concorrência com os chineses, a Karsten, têxtil com sede em Blumenau (SC), colocou em marcha um profundo processo de reestruturação. Nos últimos meses, sob comando do novo presidente, foi fechada a subsidiária nos Estados Unidos, encerrada a atividade de uma fiação no Nordeste, houve a redução significativa das exportações e foi iniciado um projeto de ampliação da atuação no mercado nacional, que envolve foco no segmento de cama e o lançamento nos próximos dias de uma segunda marca, a Casa in, voltada para as classes de renda mais baixas. Em seis meses à frente da empresa, o presidente da Karsten, Luciano Eric Reis, diz que a estratégia é fazer com que ela tenha uma posição mais forte no Brasil, chegando à liderança do mercado nacional de cama, mesa e banho no médio prazo. Hoje, a Karsten é a terceira maior em faturamento, atrás da Coteminas e da Teka. "Queremos que a empresa seja uma forte referência no Brasil, onde está seu parque fabril. Depois que tiver uma posição forte aqui é que olhará com mais ousadia para outros mercados", explica Reis. A estratégia do novo executivo, contratado em 2006 pela família fundadora, chega em um dos momentos mais difíceis vividos pela companhia. A Karsten, com 125 anos, e faturamento de R$ 341 milhões, registrou em 2006 o maior prejuízo da sua história, de R$ 23,5 milhões, um resultado bem diferente do lucro líquido de R$ 3,3 milhões apurado no ano anterior. Reis diz que a intenção é que a empresa volte ao azul em 2007, como reflexo das ações que já começaram a ser tomadas no segundo semestre do ano passado. Desde setembro, quando assumiu, ele fez uma série de mudanças. Enxugou custos, com corte de 400 funcionários, fechou a Karsten America, subsidiária que há 10 anos atuava nos Estados Unidos, encerrou as atividades da fiação que a empresa mantinha no Ceará desde 2005 - voltada à fabricação de fios para linha de produtos para o exterior -, reestruturou a logística da empresa, fechou o escritório no Rio de Janeiro, e pretende triplicar o tamanho da fábrica exclusiva para o segmento de cama, também localizada no Ceará, cujos investimentos não foram revelados. "A intenção é que a empresa seja reconhecida no segmento de cama como hoje já é na área de toalhas", diz. Atualmente, o segmento de cama representa apenas 2% do faturamento da empresa, e a idéia é que ele dobre de tamanho em 2007. As mudanças chegaram também ao portfólio, com redução do número de produtos, de 2,3 mil para 1,1 mil itens, deixando de atuar, por exemplo, na fabricação de toalhas de praia e reduzindo a produção de artigos com a marca de terceiros (private label). "É uma outra ótica de ver o negócio. Os próximos anos da empresa dependem de sermos reconhecidos no mercado nacional", afirma. Reis acredita que a conjuntura do setor, pressionado pela concorrência chinesa, vai levar a uma concentração do segmento têxtil no Brasil e, para manter a capacidade instalada, é importante ampliar a capilaridade dos produtos da Karsten no mercado interno, com a atuação, antes mais restritas ao público A e B, se estendendo a outras classes de renda como a C e a D, com uma segunda marca. O novo direcionamento não quer dizer que a Karsten deixará de atuar no exterior, mas fará contatos não mais por meio de subsidiária, mas pelo escritório catarinense. Com o novo foco, Reis espera que o mercado nacional dê fôlego aos negócios e reforce a marca Karsten. Em 2007, a meta é que mais de 70% do faturamento seja proveniente das vendas no mercado interno, contra 62% em 2006. Em anos anteriores, o balanço mostrava quase um equilíbrio entre mercado nacional e exterior.


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