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Custo baixo leva indústrias à China

Veículo: Estado de São Paulo
Seção: Economia
Página: B3

A transferência da produção de grandes empresas brasileiras para a China, apontada pela sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), acompanha a tendência mundial de integração no mercado globalizado. A avaliação é do professor Ernesto Lozardo, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, existem hoje na China 48 mil empresas americanas que produzem vários tipos de serviços e bens de consumo para o resto do mundo. "O importante é olhar o outro lado da produção, que é o consumidor", diz o professor. Segundo ele, o consumidor de média e baixa renda também se tornou global e passou a exigir qualidade, preço e eficiência. "Isso vale para qualquer consumidor, seja na Tailândia, na Indonésia, em Manaus ou no Texas", afirma. O professor destaca que o consumidor hoje tem um perfil mais globalizado e tem acesso a informações sobre a qualidade dos produtos e o nível de preços. E o que as empresas buscam, segundo ele, é dar possibilidade de acesso a seus produtos, oferecendo preço, qualidade e eficiência. "Hoje as grandes e médias empresas não produzem mais apenas para o consumo local, mas visando ao mercado global", diz Lozardo. Ele pondera que o processo não é simples nem fácil, já que a concorrência é com custos e eficiência globais. Segundo ele, as empresas brasileiras estão indo para mercados mais globalizados, como a China, para ganhar competitividade. "O Brasil tem problemas estruturais sérios, como a altíssima carga tributária, que fazem com que as empresas não tenham condições de competição global." Nos mercados mais globalizados, as empresas buscam carga tributária menor, infra-estrutura econômica razoável, mão-de-obra eficiente e política econômica estável. "A estratégia é como atender melhor, de fato, o consumidor global." Segundo o professor, outro fator negativo no Brasil é a má distribuição da renda. "A renda é muito baixa e a renda alta é muito concentrada." Segundo ele, isso representa um limitador enorme para o crescimento econômico sustentável do País. Já na Ásia, cita, a renda é muito bem distribuída e, embora sejam nações emergentes, os países asiáticos têm uma política econômica voltada para o consumo de massa. "Faz enorme diferença produzir para uma massa consumidora e não apenas para uma elite específica."


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