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O dragão está faminto

Veículo: A Notícia
Seção: Destaque
Página: A4

58,8% das indústrias perderam espaço para os chineses O dragão chinês está faminto, e vem buscando muita comida em Santa Catarina. Segundo levantamento feito pela Fiesc, 58,8% das empresas da indústria perderam espaço no mercado doméstico. A situação é pior que a nacional. Pesquisa da CNI mostra que 44,1% perderam clientes para os orientais. Outro efeito do avanço chinês está no aumento da importação. No ano passado, US$ 459,8 milhões em mercadorias chinesas entraram legalmente no Estado, 166,24% a mais que em 2005, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Comprou-se de tudo um pouco: de matérias-primas para a indústria até bens de consumo, como roupas e eletrodomésticos. A situação deve se repetir ao longo de 2007. Das empresas consultadas 45% responderam que pretendem ampliar a compra de matérias-primas chinesas e 50% que irão elevar a compra de produtos finais. Em janeiro, foram importadas US$ 58,57 milhões em mercadorias, 111,76% a mais que no primeiro mês de 2006. “É uma mostra de que a indústria catarinense percebe que a China representa, ao mesmo tempo, uma forte ameaça, mas também traz oportunidades. Os dados evidenciam, mais uma vez, as dificuldades que afetam a competitividade do parque fabril”, diz o diretor de relações industriais da entidade, Henry Quaresma. “Os empresários insistem há muito tempo na necessidade da redução da carga tributária e na criação de condições de infra-estrutura para escoar a produção. Os dados sobre a China mostram que se estas questões não forem resolvidas, logo as conseqüências poderão ser irreversíveis”, completa. Nos últimos 15 anos, o país cresceu a uma taxa média de 10% ao ano. Em 2007, a China pretende colocar o pé no freio. O Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas (Desa) calcula que o produto interno bruto (PIB) deve crescer 7%, totalizando US$ 3,1 trilhões. Só para dar um pouco de inveja, a expectativa para o Brasil é de uma expansão de 3,5%. As empresas já definiram sua estratégia para tentar driblar a fúria do dragão e manter seu lugar ao sol. Para tentar reverter as dificuldades, 60,9% das empresas estão reduzindo custos e buscando aumento de produtividade; 37,5% estão investindo no lançamento de novos produtos. Uma disputa acirrada pelos consumidores Uma em quatro empresas brasileiras disputa espaço no mercado interno com os chineses, segundo pesquisa divulgada ontem pela CNI. E os efeitos são pesados, 52% tiveram perdas e 12% destacaram que foram significativas. Entre as companhias exportadoras, 54% afirmaram que concorrem com produtos chineses. O levantamento aponta, que 12% das grandes empresas do Brasil já transferiram parte de sua produção para a China. De acordo com os dados, 7% das grandes companhias consultadas já produzem com fábrica própria, e 5% terceirizaram parte da produção com empresas chinesas. Segundo a CNI, os percentuais são uma resposta das companhias brasileiras à concorrência chinesa. Entre as empresas de menor porte, os números são bem menos expressivos. Apenas 2% das pequenas e médias consultadas informaram que possuem fábrica na China. Susto passou no mercado financeiro Pelo menos no mercado financeiro, parte do susto passou para as empresas catarinenses. No auge da crise, detonada na terça-feira da semana passada pela possibilidade de a China encolher o ritmo do crescimento, elas chegaram a perder R$ 2,8 bilhões de seu valor de mercado. Nos últimos três dias, elas se recuperaram e, até mesmo, se valorizaram um pouco. “A crise foi curta, mas generalizada”, destaca a economista Elisabete Flausino, da Associação de Analistas de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec-Sul). O analista de mercado Januário Hostin Júnior, da Leme Investimentos, explica que essa queda não significa que as empresas perderam dinheiro. “O valor de mercado não tem impacto sobre o fluxo de caixa das companhias. Significa que a empresa vale menos para os investidores, mas não afeta diretamente a situação financeira”, afirma.


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