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Dólar caminha para R$ 2, dizem analistas

Veículo: Estado de são Paulo
Seção: Economia
Página: B4

Avaliação é que saldo comercial e investimentos no País vão manter tendência de alta do real As pesadas intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio nas últimas semanas têm sido insuficientes para impedir a tendência de valorização do real. Por isso, analistas acreditam que a moeda americana deve chegar em breve perto dos R$ 2,00 ou até pouco abaixo disso. O motivo, segundo os especialistas, é a forte entrada de recursos na economia brasileira, tanto na conta de capitais quanto via balança comercial. Para o economista do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Fernando Cardim, a moeda americana ainda não chegou a um nível mais baixo, entre R$ 1,80 e R$ 1,90, apenas por conta das intervenções do BC, que, segundo ele, não poderão se repetir indefinidamente. A última vez em que a taxa de câmbio esteve abaixo dos R$ 2,00 foi no dia 16 de fevereiro de 2001, com a cotação de R$ 1,99. De lá para cá, oscilou bastante e chegou a encostar nos R$ 4,00 em outubro de 2002, durante a crise de expectativas que marcou a reta final das eleições presidenciais daquele ano. Sérgio Valle, economista da MB Associados, avalia que o dólar deve ficar perto de R$ 2,00 em algum momento. “Pode ser que rompa essa barreira”, observou. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, concorda. “Ainda neste semestre é possível que o dólar bata essa barreira, a não ser que haja um fato novo muito importante”, afirmou. Agostini lembrou que a desvalorização do dólar é um fenômeno mundial. Segundo ele, há uma grande liquidez global, com aumento dos recursos disponíveis para aplicar nos países em desenvolvimento. “Os investidores estão mais dispostos a correr riscos em busca de maiores retornos em países emergentes, como o Brasil”, disse. O economista explicou também que, em princípio, os consumidores ganham com a valorização do real, que barateia produtos importados, aumenta a concorrência no mercado doméstico e preserva o poder de fogo dos salários. Isso também contribui para manter a inflação num nível mais baixo. O superintende de câmbio do Unibanco, Sérgio Meniconi, acredita que o mercado está “testando” o Banco Central (BC) e deve reduzir a cotação do dólar para menos de R$ 2,05. “A perspectiva é de que a taxa caia ainda mais, já que está entrando um fluxo muito forte de dólares por conta do cenário maravilha Brasil. Então, o mercado vai forçar os R$ 2,05 e, quando chegar a esse nível, vai ter mais posição de venda e o dólar deve chegar a R$ 2,00”, previu Meniconi. “O mercado é mais forte que o BC.” Se esse cenário se confirmar, Meniconi defende que o BC utilize outros instrumentos, além das compras, para conter a valorização do real. “O mercado, em geral, tem recomendação de compra para o Brasil, com a garantia de que o BC vai comprar mais dólares.” Segundo Meniconi, o aumento das reservas é interpretado pelos investidores internacionais como fortalecimento das contas brasileiras, provocando uma entrada maior de dólares no País. “Com o excesso de liquidez internacional, o dólar não tem para onde ir e vai procurar o Brasil, com uma taxa de juros extremamente alta e um cenário de baixo risco.”


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