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Marca gaúcha Ortopé é alvo de disputa em instituto de arbitragem

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
Página: B4

Relançados em janeiro na Couromoda, em São Paulo, os calçados infantis Ortopé estão voltando ao mercado em meio a uma disputa pela propriedade da marca. De um lado está o empresário Paulo Volk, ex-presidente da Calçados Ortopé até a falência da empresa que tinha sede em Gramado (RS), em 2005. Do outro, o proprietário da D&J Participações, de Sapiranga, Adolfo Homrich, que comprou a marca em outubro de 2002. Segundo Volk, Homrich pagou apenas parte do valor acertado entre eles. O empresário não revela quanto ainda tem a receber, mas disse que decidiu recorrer ao Instituto Nacional de Mediação e Arbitragem (Inama), especializado em mediação de conflitos empresariais, para cobrar o crédito ou reaver a marca. "É o caminho mais rápido para resolver a questão", disse. Ele espera a emissão do laudo arbitral, que tem força de sentença judicial, em dois a três meses. A marca foi adquirida pela D&J junto com a holding PRV, que detinha o controle da Calçados Ortopé, explicou Volk. Em seguida ele criou a Ortotech, que herdou o CGC da antiga empresa, e passou a administrar as dívidas fiscais, trabalhistas e com fornecedores. Paulo havia assumido o comando da companhia depois que o pai, Horst Volk, foi condenado pela Justiça Federal por apropriação de R$ 647 mil em contribuições previdenciárias entre 1995 e 1996 e por sonegação de R$ 1,1 milhão em impostos de 1988 a 1991. Horst chegou a ser preso em 1999, obteve um habeas corpus para permanecer no país, mas fugiu para a Alemanha no ano seguinte aproveitando o status de cidadão alemão. Retornou ao Brasil em 2003, aos 70 anos de idade, depois de conseguir, no Tribunal Regional Federal da (TRF) 4ª Região, a conversão das duas penas que somavam cerca de nove anos de prisão em prestação de 2,8 mil horas de trabalho em entidades comunitárias e multa de R$ 44 mil. Depois de comprar a marca Ortopé, a D&J também arrematou uma antiga unidade industrial da empresa no município gaúcho de São Francisco de Paula, que foi a leilão para levantar recursos destinados ao pagamento de dívidas. Segundo Volk, porém, a compradora pagou apenas 30% do valor da fábrica, e por isso ela está retornando para a Ortotech. O provável destino da fábrica, conforme Volk, é um novo leilão, a menos que ele consiga recuperar a marca e encontre um sócio para retomar a produção. Um eventual parceiro seria a Schaus Licenciamentos, de Novo Hamburgo, contratada pela D&J para gerir a marca. De acordo com o empresário, não há qualquer impedimento em trabalhar com a licenciada. Ralf Hauschild, da Schaus, observa que a Ortopé nos últimos anos perdeu boa parte de sua participação no mercado de calçados. "Perdemos o referencial de modernidade e tecnologia, mas a grife continuou na cabeça das pessoas", diz Hauschild, que responde pelo reposicionamento da marca gaúcha. Ele pretende ampliar de 4 mil para 7 mil o número de pontos de venda, mas não consegue prever em que prazo isso ocorreria. A empresa responsável pela produção dos calçados da Ortopé é a Sugar Shoes, que também é responsável pela comercialização. Segundo Hauschild, o investimento da Sugar em maquinário e matéria-prima, até o momento, supera R$ 4 milhões. O objetivo é chegar a uma produção entre 15 mil e 20 mil pares por dia. Os calçados desta nova fase da Ortopé - da coleção inverno 2007 - estão chegando ao mercado nos próximos meses. A coleção é composta pelas linhas bebê, casual, performance e retrô. Esta última reedita antigos sucessos da marca. A famosa botinha ortopédica continua em linha de produção.


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