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Alpargatas Argentina volta a ser atrativa para investidores

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
Página: B5

Depois de equacionar uma parte importante das dívidas atrasadas e de apresentar uma melhoria considerável nos seus resultados financeiros, cresce a expectativa de que a Argentina Alpargatas consiga sair da concordata ainda no primeiro semestre. Com isso, voltam ao mercado os rumores de que o grupo Camargo Corrêa está para anunciar a aquisição do controle da companhia. Desde a semana passada, as ações da Alpargatas sobem na Bolsa de Valores de Buenos Aires, atingindo seu ponto mais alto na sexta-feira a 5,81 pesos por ação. Ontem, o papel fechou a 5,59 pesos, valorização de 17,44% no mês e 12,25% no ano. A companhia brasileira nega o negócio. Operadores do mercado atribuem a alta à intensificação da expectativa de que a empresa está para ser vendida. Rumores que vêm desde o segundo semestre de 2006, depois que a companhia conseguiu fechar um acordo para pagamento aos seus credores. A Alpargatas Argentina - que não tem nenhuma relação com a São Paulo Alpargatas -, é a maior empresa de têxteis e calçados do país. Em 2001, com uma dívida de mais de 800 milhões de pesos, a companhia pediu concordata. Mas os últimos balanços mostram que, embora ainda com patrimônio líquido negativo, sua situação financeira vem melhorando. Dois fatores estão colaborando para a empresa sair do vermelho, a recuperação da economia doméstica - o PIB argentino vem crescendo entre 8,6% e 9,2% desde 2003 - e as barreiras não-tarifárias impostas ao denim e aos calçados do Brasil, como explicou a própria empresa no relatório anual de 2005 enviado à Comissão Nacional de Valores (equivalente à CVM). O ano passado marcou a virada da Alpargatas, com o prejuízo acumulado durante quatro anos se transformando em um lucro de 40 milhões de pesos. Entre janeiro e setembro de 2006, último dado enviado à Bolsa, a Alpargatas acumulava um lucro de 91,6 milhões de pesos (cerca de US$ 30 milhões). As vendas de 2005 totalizaram 395,9 milhões de pesos, 27,3% acima do total de 2004. Até o terceiro trimestre de 2006, já atingiram 250 milhões de pesos. As operações de calçados e vestuário esportivo respondem por 53% das vendas, enquanto os produtos têxteis representam 36%. O restante vem de uma ampla cadeia varejista do tipo out-let. A forte participação dos calçados nas vendas pode ser o maior atrativo para a aquisição, na opinião de um alto executivo de uma entidade ligada ao setor têxtil. Além disso, em outubro, a Alpargatas fechou acordo com 74 credores de 218,5 milhões de pesos (92,2%) em papéis emitidos pela companhia para o pagamento de dívidas. Em novembro, apresentou ao juiz da concordata outro acordo, desta vez com os demais credores, alcançando 86,25% da dívida total. Segundo o advogado de um dos credores, a Alpargatas vai entregar ações para constituir um "fideicomisso", uma espécie de sociedade de propósito específico, com o qual poderá quitar a dívida e sair da concordata, o que deve acontecer até abril. Apesar dos rumores, a Alpargatas brasileira, controlada pelo grupo Camargo Corrêa, nega a negociação. "Não há nenhum processo de aquisição em curso com a Alpargatas da Argentina", diz o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch. Segundo ele, a empresa planeja comprar marcas estrangeiras no futuro, mas virão de países como Itália, França, Inglaterra e Estados Unidos, que detêm marcas globais. A Alpargatas foi fundada na Argentina em 1885. Em 1907, abriu a São Paulo Alpargatas. A brasileira pertenceu ao grupo de origem argentino até 1983, quando então se separaram.


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