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Mercosul e Ásia rumo a um acordo. Sem a China

Veículo: Estado de São Paulo
Seção: Economia
Página: B10

Projeto é do Itamaraty e envolveria bloco com um PIB de US$ 800 bi O Itamaraty quer um acordo comercial entre o Mercosul e alguns países da Ásia, uma das regiões que mais crescem no mundo. O projeto poderá ser lançado ainda neste semestre e o gabinete do chanceler Celso Amorim já trabalha no assunto. A China, que neste ano poderá se transformar no maior exportador mundial, ficará fora do acordo. O projeto prevê um entendimento entre os países do Mercosul e as dez economias da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). O bloco conta com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 800 bilhões e é formado por países como Malásia, Tailândia, Indonésia, Cingapura, Vietnã e Filipinas. A Asean, com sede em Jacarta, capital da Indonésia, foi criada em 1967, em plena lógica da guerra fria. Por isso, o bloco tinha até pouco tempo um caráter apenas político. Seu objetivo inicial era garantir a estabilidade na região diante da China comunista e do bloco soviético. Em 1992, com o fim da guerra fria, o bloco redefiniu suas prioridades e decidiu tornar-se uma zona de livre comércio a partir de 2008. Interessado por um mercado com 553 milhões de pessoas, o Brasil quer um projeto de acordo já para este ano. Com um crescimento bem acima do brasileiro, a economia da Asean está sofrendo o impacto positivo do desenvolvimento do mercado chinês. Não por acaso, a Asean também fechou um entendimento para começar a negociar um acordo de livre comércio com a China. Mas o Itamaraty deixa claro que, por enquanto, não há um entendimento no governo Lula para tal acordo. Muitos setores no Brasil e no restante do Mercosul teriam sérios problemas para reduzir ainda mais suas tarifas sobre os produtos chineses, já competitivos. PATINANDO O Itamaraty evita chamar a iniciativa de um “plano B” em sua estratégia comercial, diante da dificuldade de fazer avançar as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Porém a realidade é que vários governos já estão procurando a Asean para fechar acordos. Além da China, a Índia, o Japão e a União Européia debatem possibilidades de entendimentos comerciais com o bloco, cada vez mais cobiçado. “O Brasil não fica isolado”, garantiu o chanceler Celso Amorim há dois dias em Genebra. Ele reconhece, porém, que enquanto a Asean toca adiante seu plano de se tornar uma união aduaneira, “o Mercosul é que fica patinando”. Atualmente, as exportações do Brasil aos países da Asean chegam a apenas US$ 4 bilhões e as importações estariam no mesmo nível. Com algumas das principais economias emergentes da região, como o Vietnã, as vendas nacionais não chegam a US$ 150 milhões por ano. Já com a Tailândia, as exportações são de US$ 700 milhões, ante US$ 600 milhões para a Malásia e quase US$ 1 bilhão com Cingapura, com um superávit a favor dos asiáticos. Mas o potencial de crescimento pode ser importante para as exportações brasileiras. Hoje, o PIB per capita da região é de apenas US$ 4 mil. Mas, com um dos índices de crescimento mais elevados do mundo, a perspectiva é de que o consumo também aumente. No caso do Vietnã, o país já recebe investimentos externos de mais de US$ 10 bilhões por ano.


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