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Moda ecológica e social marca 22ª edição do SPFW

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
Página: B6

Algodão orgânico, lã artesanal, couro vegetal, PVC e PET reciclados. Esses e outros lançamentos mostram que o São Paulo Fashion Week entrou mesmo na onda da produção sustentável, social e ecologicamente correta. Aliás, a sustentabilidade será o tema dessa 22ª edição do evento, que começa hoje e vai até segunda-feira, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Nessa edição, a tônica das novidades têxteis foi o uso de materiais alternativos que, se não previnem a poluição, pelo menos diminuem o impacto no meio ambiente - e ainda ajudam a desenvolver regiões carentes do país. O estilista Lorenzo Merlino uniu-se ao Instituto do PVC para criar roupas usando lâminas feitas com o produto - que é 100% reciclável. O desfile da coleção inverno 2007, será apresentado sábado, às 16h30, na Fundação Bienal. Para quem não sabe, o PVC é um velho conhecido da indústria de calçados e acessórios, pois com ele é feito o couro sintético. É esse também o material usado na fabricação da sandália Melissa, da Grendene. Na confecção de roupas, porém, o produto ainda é pouco explorado. E não é por falta de vantagens, já que pode dar origem tanto a produtos rígidos quanto a lâminas super flexíveis. "O PVC oferece leveza, pode ser mesclado com outros materiais e garante brilho e visual high tech", diz Merlino, que apresentará uma coleção futurista. Segundo Miguel Bahiense Neto, diretor executivo do Instituto do PVC, no Brasil, o mais comum, é a reciclagem mecânica do plástico, ou seja, a sua utilização em outra função. "Uma mangueira feita do material pode virar solado de sapato. Um tubo pode virar cano de esgoto", diz Bahiense. O Instituto representa todos os segmentos da cadeia produtiva do PVC, desde fabricantes de matérias-primas e insumos, transformadores até recicladores. Segundo Bahiense, os países desenvolvidos já reciclam o PVC através da fundição - coisa que o Brasil ainda não faz. A estilista Raquel Davidowicz, diretora de criação da grife UMA, de São Paulo, está usando algodão orgânico para fazer camisetas e blusas de sua coleção inverno 2007. O produto é da Malharia Menegotti. A estilista mostra suas criações hoje, às 15 horas. "A malha tem a mesma qualidade da feita com algodão comum, mas não utiliza agrotóxicos no seu cultivo", diz Raquel. Segundo a estilista, a malha é cerca de 10% mais cara do que a de algodão tradicional - preço que poderia cair caso mais estilistas se interessassem pela causa. "Vale a pena, porque sei que contribuo com o meio ambiente", afirma Raquel, que comprou cerca de 60 quilos do produto. A corrente ecológica vai mais longe, durante o evento - que marca o lançamento do selo e-fabrics, do Instituto E, fundado pelo estilista Oskar Metsavaht, diretor de criação da marca Osklen, do Rio de Janeiro. Por meio do projeto, o estilista criou uma espécie de marca eco-social - a e-fabrics - que vai certificar tecidos e produtos. Para levar o selo, é preciso estar em conformidade com cinco critérios: ser sustentável, ter um processo de produção de baixo impacto no meio-ambiente, resgatar e preservar a diversidade cultural, fomentar relações éticas com comunidades. Além de tudo isso, o produto tem de ter design e atributos comerciais. O projeto já conta com mais de 20 tipos de materiais de origem reciclada, orgânica, natural e/ou artesanal - desenvolvidos por comunidades e cooperativas ou grandes empresa. Serão 38 desfiles nos seis dias de evento. Os novos integrantes da semana de moda são Wilson Ranieri, Simone Nunes e Priscila Darolt, ex-integrantes do Amni Hot Spot - evento para jovens estilistas que também é organizado pela Luminosidade - a mesma empresa responsável pelo SPFW. Além deles, o evento terá a estréia das marcas Do Estilista, de Marcelo Sommer, e Tereza Santos, ex-proprietária da grife mineira Patachou, que fica fora do calendário, por enquanto. Pela primeira vez, desde que o evento foi criado, o estilista Ricardo Almeida não fará desfile no SPFW. Além dele, se ausentam desta edição Pedro Lourenço, Maxime Perelmuter, Carlos Tufvesson e a grife Zigfreda, do Rio de Janeiro. Renaux estréia parceria com Hercovitch A Têxtil Renaux, fabricante de tecidos com sede em Brusque (SC), dará hoje um importante passo rumo ao universo da moda. A coleção do estilista Alexandre Herchcovitch vai colocar os tecidos da empresa na passarela do principal evento do setor no Brasil, o São Paulo Fashion Week. A empresa fechou parceria com o estilista e vai ceder tecidos em troca da contribuição de Herchcovitch no desenvolvimento de cores e desenhos dos novos tecidos. A Renaux, fundada pela família de mesmo nome em 1925, é administrada pelo empresário Armando Hess, herdeiro da indústria Dudalina, que comprou parte das operações da família há um ano. Depois de uma reestruturação financeira, que ainda está em curso, Hess decidiu direcionar a Renaux para uma atuação mais centrada no universo da moda. Entre as mudanças que já foram feitas, ele cita o início da produção de tecidos mais nobres, feitos com fios egípcios e fibra de bambu, e uma atuação mais diversificada, o que inclui a fabricação de tecidos femininos. Até o ano passado, a empresa tinha foco na sarja e estava voltada a tecidos para confecção de camisas masculinas. A entrada no segmento feminino envolveu a criação de um departamento só para moda. Nele, oito pessoas dedicam-se a pesquisar as tendências internacionais, em países como Itália, Estados Unidos e França. A cada dois meses, um profissional da equipe vai ao exterior para trazer novidades. A diversificação também levou a uma experiência no SPFW em 2006, com criações de Caio Gobbi e Karlla Girotto, e rendeu contratos importantes de fornecimento de tecidos para grifes como M.Officer, Le Lis Blanc e If. Hess diz que colhe bons resultados da nova atuação fora do eixo Rio-São Paulo. No Nordeste, por exemplo, passou a vender tecidos para confecções regionais - antes, os produtos da empresa eram vendidos em três ou quatro atacados. Ele pretende anunciar, em breve uma parceria com um estilista argentino. Com o novo direcionamento, o empresário acredita estar fugindo da pressão chinesa, o principal concorrente no setor e que segundo ele, já apresenta um bom produto, atualidade e preços com os quais é impossíveis competir. "Os chineses estão desmontando a cadeia têxtil do Brasil. Estamos fazendo aquilo que os orientais não sabem fazer tão rápido", acredita. A Renaux tem grandes pretensões. Segundo Hess, o objetivo de longo prazo é estar na liderança da fabricação de fios tintos. Hoje, um dos principais fabricantes é a Companhia Industrial Cataguases. Em 2006 foram investidos R$ 2,5 milhões em atualização de máquinas para trabalhar com as novas fibras. Outros R$ 2,5 milhões serão investidos em 2007. A receita da empresa em 2006, foi praticamente igual à de 2005 - de R$ 70 milhões. Para 2007, Hess espera faturar R$ 85 milhões.


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